30/05/2022 - 5:48
Napoleão Bonaparte certa vez disse: “Um francês pode fazer milagres ao ver a independência do país ameaçada”. Ainda hoje, Joana D’Arc é um símbolo nacional para os franceses. Vários livros com sua biografia e diversos filmes foram lançados sobre a ingênua, porém corajosa filha de lavradores do interior da França.
Joana D’Arc nasceu em Domrèmy-la-Pucelle na noite de Epifania de 1412. Já em vida, havia se tornado uma lenda, as pessoas queriam vê-la e tocá-la. Em 1429, entrou para a história da França ao escrever uma carta ao chefe da ocupação inglesa.
“Rei da Inglaterra, autointitulado regente do Império Francês, entregue à virgem enviada por Deus, imperador do céu, a chave de todas as cidades que Sua Alteza tomou dos franceses. Se não o fizer, Sua Alteza já o sabe, eu sou general. Em todo lugar na França que encontrar da sua gente, vou expulsá-la.”
Teria sido ousadia ou ingenuidade a oferta feita por Joana, então com 16 anos, ao seu rei, Carlos 7º, de expulsar os invasores ingleses de Orleans e assim ajudá-lo a garantir-se no trono da França? Ao se apresentar como enviada divina, ajudou a projetar seu nome na história.
Joana apareceu quando se esperava um milagre
Oficialmente ninguém contestava a necessidade de expulsar os britânicos. Mesmo assim, o rei e seus consultores preferiram mandar averiguar quem era aquela jovem. Doutores, religiosos, guerreiros, ninguém encontrou ressalvas à pura Joana, apenas o bem, a inocência, a humildade, a honestidade e a submissão.
Joana apareceu para salvar os franceses justamente no momento em que eles acreditavam que apenas um milagre poderia ajudá-los. E a Joana vestida de guerreiro, uma enviada de Deus, incorporou essa esperança. O povo via nela a concretização de um antiga profecia, segundo a qual a França seria salva por uma virgem. Uma propaganda ideal para a corte. Era a oportunidade para motivar suas tropas, que a essa altura estavam com a imagem um tanto desgastada.
Joana, a salvadora. Com o passar dos séculos, ela foi chamada de tudo: bruxa, prostituta, santa, feminista, nacionalista, heroína. Pelo ultraconservador Le Pen, na França atual, ela foi usada como símbolo contra os “invasores” modernos. E, na tela, é apresentada como um tipo de adolescente rebelde, altruísta, apegada aos ideais.
Mas, retrocedendo na história: depois que ela foi sabatinada por uma comissão da corte, recebeu o uniforme completo de cavaleiro e começou a lutar pela libertação. Orleans estava sitiada pelos ingleses há seis meses. Uma tropa de 5 mil homens pretendia forçar os 30 mil habitantes a se entregar. Apesar de não ser um integrante ativo nos planos dos militares franceses, o espírito de luta de Joana – e talvez apenas sua presença – trouxe a vitória aos franceses.
No dia 8 de maio de 1429, ela foi festejada pelos moradores de Orleans como enviada divina. E seguiram-se ainda muitas vitórias até a coroação de Carlos 7º em Reims. Os ingleses, derrotados, iniciaram uma conspiração contra Joana, que acusavam de bruxaria. Ela foi presa em 1430 e condenada pela Inquisição a morrer na fogueira, depois de 20 meses de julgamento.