15/07/2022 - 5:24
Corria o ano de 1867, primórdios da industrialização na Europa. Os trabalhadores que deixavam o campo para trabalhar nas fábricas instaladas nos centros urbanos costumavam fazer um lanche na hora do almoço. A maioria comia apenas pão, pois a manteiga era um produto escasso e, portanto, caro.
Além disso, a população crescia rapidamente. Em consequência, não havia como garantir a todos um suprimento mínimo diário de alimentos gordurosos. Diante dessa realidade, o imperador Napoleão 3º decidiu criar um substituto barato para a manteiga, destinado à alimentação da população e também de seus soldados e marinheiros.
O químico Hippolyte Mège-Mouriés recebeu a incumbência de desenvolver uma pasta que tivesse um sabor parecido com o da manteiga, não criasse ranço tão rapidamente e contivesse gordura. O cientista precisou de dois anos de pesquisas para encontrar a solução.
Finalmente, em 15 de julho de 1869, o novo alimento pôde ser patenteado. Tratava-se de uma pasta com emulsão de água em óleo, à base de gordura animal, composta de sebo bovino, leite desnatado e úbere de vaca triturado. Como sua aparência lembrava o aspecto brilhoso de uma pérola, recebeu o nome de margarina, em alusão à palavra grega margaron, que significa pérola.
“Ele substituiu a gordura láctea da manteiga por uma outra gordura animal e criou uma gordura alimentar aceitável, pastosa e durável”, resume o ex-diretor da associação alemã de produtores de margarina Gerhard Gnodtke.
Diferenciação obrigatória no comércio
Hoje a margarina é fabricada principalmente com óleos vegetais, em diversas proporções de gordura e óleo. O caminho até a consolidação no mercado foi árduo. Ainda na época do Império alemão, a manteiga era conhecida como “manteiga boa”, para diferenciá-la da margarina, a opção mais barata.
Além disso, muitos comerciantes vendiam margarina por manteiga. Assim entrou em vigor, no ano de 1887, a Lei da Margarina, que perdurou por quase 100 anos.
A lei determinava que, dentro de um estabelecimento, a manteiga e a margarina tinham ser especificadas e ficar bem separadas uma da outra. Nas localidades com mais de 5 mil habitantes, era proibido vender os dois produtos no mesmo espaço. Para completar, o nome “margarina” tinha que ser impresso com destaque na embalagem, com um grosso traço vermelho.
Hoje em dia, a questão não é mais a diferença entre os dois produtos e, sim, qual é mais saudável. Os defensores da manteiga garantem que os óleos contidos na margarina são prejudiciais à saúde. Porém, outros estudiosos afirmam que a margarina vegetal fornece vitaminas A, D e E, não altera o colesterol e seu consumo traz benefícios à saúde.