03/01/2022 - 6:59
Seu destino não foi estabelecido no berço. O escritor John Ronald Reuel Tolkien, nascido em 3 de janeiro de 1892 na África do Sul, perdeu o pai com a idade de 4 anos. Sua mãe voltou então à Inglaterra com os dois filhos. Ela igualmente morreu cedo e deixou os filhos sem recursos para sobreviver.
Seu talento e bolsas permitiram que Tolkien estudasse Língua e Literatura Inglesa em Oxford. Logo em seguida, começou a trabalhar em seus Lost Tales (Contos Perdidos), dos quais mais tarde surgiria O Silmarillion. Tolkien falava de acontecimentos da chamada Primeira Era – alguma época distante na Terra Média, sobre a qual os heróis de O Senhor dos Anéis sempre se referiam com veneração.
O Silmarillion só foi publicado após a morte do escritor. Tolkien deve sua fama às aventuras de pequenos seres engraçados, com pés grandes e cabeludos, os hobbits. Assim descrevia o autor sua relação com eles:
“Eu próprio sou um hobbit, em tudo até no tamanho. Eu amo jardins, árvores e o campo sem máquinas. Gosto de fumar cachimbo, de comer modestamente, ir para a cama tarde e acordar igualmente tarde. Não viajo muito.”
Primeiras linhas
Conta-se que enquanto corrigia provas em 1930, Tolkien, já professor de Oxford, deparou-se com uma folha em branco e escreveu no verso: “Numa toca no chão, vivia um hobbit”. Desta ideia repentina surgia o livro infantil O Pequeno Hobbit.
Hobbits são seres cabeludos e pacíficos, habitantes do continente Terra Média. Eles não possuem poderes mágicos, mas são bem rápidos e sabem desaparecer sem deixar sinal. Por isto, dificilmente se consegue ver um deles. Eles não gostam muito de gente grande – quer dizer, os seres humanos.
Esta história sobre a grande aventura do pequeno hobbit Bilbo Beutlin e um anel dourado com poderes mágicos foi escrita originalmente por Tolkien para seus quatro filhos. Mas a publicação, em 1937, superou as expectativas. O público queria ouvir mais da Terra Média e seus habitantes. E assim foi.
Tolkien criava um novo gênero: a literatura fantástica. E de suas histórias sobre os moradores da Terra Média nasceu, com o decorrer dos anos, todo um universo.
Livros e enciclopédia
As aventuras do hobbit Bilbo, em luta contra o poderoso Mordor, constituíram apenas o preâmbulo de uma aventura ainda maior, apresentada na trilogia O Senhor dos Anéis.
Conhecedor das lendas celtas e nórdicas, Tolkien criou um mito. Com uma aventura enigmática e acelerada, que atravessa mais de mil páginas, o autor conquistou milhões de leitores em todo o mundo.
Para que o leitor não perca o contexto e o fio da meada de sua narrativa, Tolkien fez de seus livros quase uma enciclopédia, com quadro de letras para ajudar na tradução dos idiomas criados para a história, com comentários sobre os mitos que inspiraram seus personagens, com complicadas árvores genealógicas, linha do tempo da Terra Média e vários mapas de todo esse mundo fantástico.
Eterno duelo
Uma capacidade intelectual da qual milhões de leitoras e leitores não teriam se dado conta, caso a aventura do hobbit Frodo, que deve destruir o anel mágico propagador de desgraça, não tivesse por base uma história consistente e fabulosa, que claramente explora os polos bem e mal.
Nela estão os agradáveis, despenteados, pequenos hobbits, os elfos dançantes, anões, árvores falantes e Gandalf, o amável mago. O mal está representado pelos assustadores orcs, trolls e Sauron, o soberano das trevas.
Frodo Beutlin, o simpático hobbit, consegue ao fim a grande vitória. O anel mágico é destruído e com isto Sauron perde seu terrível poder, que dependia de outro anel.
No cinema
Suas histórias sobre a Terra Média transformaram-se, em mais de 50 anos, numa tradição, em relação à qual Tolkien, no fim de sua vida, mais se comportava como historiador e filólogo do que como seu criador.
Pela sua obra completa, Tolkien foi homenageado pela rainha Elizabeth em 1972, um ano antes de seu falecimento. Com a trilogia O Senhor dos Anéis nos cinemas, seu imortal universo de mitos, lendas e seres mágicos, no qual o bem vence o mal após batalhas infindáveis, está mais vivo e presente do que nunca.