28/11/2022 - 5:49
O então primeiro-ministro do Reino Unido, Winston Churchill, e o presidente dos Estados Unidos na época, Franklin D. Roosevelt, já haviam se encontrado no Cairo para falar sobre a Segunda Guerra Mundial e fazer planos para o futuro da Europa, da Turquia e do Extremo Oriente.
Antes de tentarem em vão a adesão da Turquia à aliança ocidental contra a Alemanha nazista e de nomearem Dwight D. Eisenhower como comandante supremo da iminente invasão da Normandia, os dois deixaram a cidade às margens do Nilo e viajaram para Teerã. Lá, em 28 de novembro de 1943, eles haviam marcado um encontro de três dias com o presidente da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), Josef Stalin.
Novo papel para URSS no pós-guerra
Churchill foi ao encontro do líder comunista com desconfiança, mas Roosevelt estava convencido de que eles teriam de se arranjar de alguma maneira com a URSS e que esse país teria um papel importante na Europa e no mundo do pós-guerra. E isso deveria ocorrer no contexto de uma nova organização mundial, ambicionada por Roosevelt e muitos americanos, e destinada a assumir as tarefas da comunidade internacional fracassada. Sem os soviéticos, tal organização seria ineficaz.
Americanos e britânicos já estavam tentando há tempos deter as invasões alemãs. Roosevelt tinha consciência de que um futuro pacífico depois da guerra dependeria decisivamente das relações com a URSS.
Para Washington e Londres, esse futuro já estava traçado na mensagem de Roosevelt ao Congresso em 1941, na qual ele se referiu especialmente a quatro liberdades: de opinião, de religião, do medo e da miséria. As duas potências ocidentais declararam essas liberdades como metas de guerra em seu acordo conhecido como Carta do Atlântico, e acrescentaram o direito à autodeterminação e a rejeição de conquistas territoriais por meio de guerras.
Do ponto de vista de Roosevelt, o que fosse acertado entre os dois aliados atlânticos deveria servir de base para um tratado com a URSS e a China, pois só as quatro nações juntas poderiam assumir a responsabilidade de preservar a paz no mundo.
Stalin esconde seus planos
Numa retrospectiva histórica, constata-se que essa era uma visão fantástica, idealista. Churchill e Roosevelt encontraram em Teerã um Stalin cordial. O chefe do Kremlin não tinha abandonado sua ideia de vitória do comunismo, mas sabia que seu país precisava do apoio do Ocidente. A União Soviética tinha de suportar o maior fardo da guerra, e para Stalin estava claro que isso afetaria também seu sonho de expansão do comunismo.
Em Teerã, combinou-se, em primeiro lugar, que Moscou deveria coordenar seus ataques contra a Alemanha com o iminente desembarque planejado pelos aliados ocidentais na Normandia. Mas Stalin também pôde fazer algumas exigências, indicando o que se confirmaria depois no decorrer da Guerra: ele reivindicou a Prússia Oriental e as fronteiras que foram asseguradas à União Soviética nos acordos com Berlim e Helsinque, em 1939 e 1940.
A ideia de uma organização não foi detalhada em Teerã. Nem houve acordo sobre o futuro da Polônia e, no que se referia ao Irã, a declaração conclusiva do encontro dos “Três Grandes” dizia que o país, parcialmente ocupado, receberia sua independência de volta depois da Grande Guerra.
Há muito, Stalin vinha fazendo planos para a divisão da Europa e a ampliação das fronteiras da URSS. Entretanto, ele não revelou seus planos militares aos parceiros ocidentais. O líder soviético mostrou-se, ao mesmo tempo, muito insatisfeito com o projeto de transformar a Alemanha e uma série de outros Estados da Europa Central e do Leste Europeu em nações agrícolas. Stalin viu no plano uma tentativa do Ocidente de frear a expansão soviética e, em vez disso, defendeu uma balcanização do Leste Europeu e um enfraquecimento da França e da Itália.