25/08/2022 - 4:35
Desde 1940, a capital francesa estava ocupada pelos alemães. Tardaria até meados de agosto de 1944 para que as tropas aliadas conseguissem avançar em direção a Paris.
Já nos dias que antecederam à libertação da cidade ocorreram greves da polícia, dos correios e do metrô parisiense. O rádio suspendeu suas transmissões e, no dia 19 de agosto de 1944, o Comitê da Libertação de Paris conclamou a população a rebelar-se.
Ministérios, redações de jornais e partes da administração municipal foram ocupados. Os grupos da Resistência parisiense passaram a lutar em combates de rua, atrás de barricadas construídas às pressas.
Seu líder era o comunista convicto Henri Tanguy, conhecido como coronel Rol. Ele e seus correligionários queriam aproveitar uma rebelião geral em Paris, a fim de assumir o poder político antes que as forças francesas de Charles de Gaulle e as tropas aliadas chegassem para libertar a cidade.
Desobediência a Hitler
Desde 7 de agosto de 194, o comandante alemão da região metropolitana de Paris era o general Von Choltitz. Do ditador alemão Adolf Hitler, Von Choltitz recebera carta branca para defender a cidade com todos os recursos e para destruí-la inteiramente antes de uma retirada. O general, no entanto, contrariou as ordens cada vez mais insistentes de Hitler para a destruição de Paris.
Ele solicitou ao cônsul-geral da Suécia em Paris, Raoul Nordling, que cruzasse o front e entrasse em contato com os Aliados, a fim de apressá-los e acelerar assim a capitulação nazista.
Atendendo a uma sugestão de Raoul Nordling, o general Von Choltitz buscou contato com a Resistência em 19 de agosto. Porém, Raoul Nordling sofreu um ataque cardíaco pouco antes da sua partida. A carta de livre trânsito tinha sido emitida com o nome abreviado de R. Nordling. O irmão do cônsul-geral sueco, Rolf Nordling, assumiu assim a missão de alto risco.
O general Leclerc juntara-se a Charles de Gaulle e comandava então a 2ª divisão blindada francesa, que avançou rapidamente para Paris, a partir de 23 de agosto de 1944. Já no dia seguinte, companhias aliadas estavam nos subúrbios ocidentais da capital. Na tarde de 25 de agosto, o general Leclerc e o coronel Rol receberam a capitulação do general Von Choltitz, no departamento de polícia da capital francesa.
De Gaulle também chegou a Paris em 25 de agosto de 1944 e discursou à noite diante da prefeitura. Ele lembrou o sofrimento de uma Paris martirizada pela ocupação e preconizou, ao mesmo tempo, o futuro de liberdade e de autodeterminação da cidade.
Restauração da República
No dia seguinte, 26 de agosto de 1944, De Gaulle participou da parada triunfal da 2ª divisão blindada francesa, sob o comando do general Leclerc. Partindo do Arco do Triunfo, ele desceu a Avenida Champs Elysées, prosseguindo até a Catedral de Notre Dame. Os parisienses saudaram o libertador com grande entusiasmo.
O passeio pela cidade encerrava grande risco para o general, pois muitos franco-atiradores ainda disparavam dos seus esconderijos. Mas De Gaulle recusou-se a interromper a sua caminhada e marchou orgulhosamente pelas ruas parisienses.
Na catedral, continuou a ser celebrado o Te Deum, apesar de tiros disparados até mesmo dentro do templo gótico. Nunca se soube quem ordenou os disparos. Dois franco-atiradores foram presos em outras partes da cidade, mas não puderam ser interrogados, pois foram linchados imediatamente pela população furiosa.
Há quem atribua os tiros aos comunistas. Eles procurariam, desta forma, impedir que De Gaulle subisse ao poder. Essa hipótese, no entanto, jamais pôde ser provada. A parada da 2ª divisão blindada na cidade recém-liberada tinha como objetivo ressaltar o papel do movimento França Livre e reforçar a posição do general De Gaulle como líder do novo governo francês.
Com isso, ele queria rechaçar as ambições comunistas de poder na França. Especialmente o fato de que o líder comunista da Resistência, coronel Rol, tenha sido um dos signatários da capitulação alemã, ao lado do general Leclerc, deixou o general tremendamente indignado.
De Gaulle forçou resolutamente a constituição de um governo francês, impedindo assim que a França se tornasse uma zona de ocupação das potências aliadas. No dia 9 de setembro, tomou posse um governo de unidade nacional, sob a presidência de Charles de Gaulle. Com isso, ele cumpriu a missão a que se propusera: libertar o país, restabelecer a República e organizar eleições livres e democráticas na França.