28/04/2022 - 4:49
A história de Benito Mussolini (1883-1945) confunde-se com a do movimento fascista italiano. Seu fim começou no verão europeu de 1943, quando os Aliados desembarcaram na Sicília. No dia 25 de julho daquele ano, o órgão máximo do fascismo decidiu derrubar e prender o “Duce”, por causa de seus fracassos militares. O rei Vitor Emanuel rendeu-se aos Aliados e declarou guerra à Alemanha nazista, que apoiara anteriormente.
Em seguida, os alemães ocuparam a Itália, libertaram Mussolini e lhe deram proteção para proclamar a República de Saló, um governo títere da Alemanha. Enquanto isso, a população italiana organizava a resistência e cooperava com as tropas aliadas, que avançavam para o norte.
Tentativa de negociar rendição
No final de março de 1945, os partigiani (guerrilheiros antifascistas) conquistaram Milão, fechando o cerco a Mussolini, que ainda tentou, sem sucesso, negociar sua rendição. No dia 28 de abril de 1945, os alemães capitularam na Itália.
Amargurado e resignado, Mussolini tentou fugir para a Suíça com sua amante Clara Petacci, num comboio de soldados alemães. Mas era tarde demais para o “Duce”: partigiani italianos interceptaram o comboio, reconheceram o líder fascista e o fuzilaram junto com Clara. Os corpos foram levados a Milão e expostos, pendurados de cabeça para baixo, num posto de gasolina da praça de Loreto.
Enterrado sob nome falso em um cemitério milanês, o ditador ainda demoraria a encontrar seu último repouso. Um ano depois, seu cadáver foi sequestrado por fascistas e passou por várias cidades italianas, até ser encontrado pela polícia. Para evitar manifestações neofascistas, os restos mortais foram escondidos por mais de dez anos num mosteiro, sendo sepultados definitivamente em 1º de setembro de 1957.
Circunstâncias não esclarecidas
As últimas horas de vida de Mussolini foram vasculhadas por um tribunal do júri de Pádua, em maio de 1957, mas o processo não esclareceu as circunstâncias da execução. Até hoje não se sabe, de fato, quem disparou os tiros mortais. O pesquisador Renzo de Felice suspeita que o serviço secreto britânico tenha tramado a captura junto com os partigiani.
Michele Moretti, último sobrevivente do grupo antifascista que executou o ditador, morreu em 1995, aos 86 anos em Como (norte da Itália). Moretti, que na época da guerrilha usava o codinome “Pietro”, levou para o túmulo o segredo sobre quem realmente disparou contra Mussolini e sua amante.
Alguns historiadores italianos afirmam que o próprio Moretti matou os dois. Para outros, o autor dos disparos, feitos com a metralhadora de “Pietro”, foi outro partigiano, chamado Walter Audisio. É certo, porém, que a ação foi obra da resistência italiana.
No poder de 1922 a 1943
A Itália foi o primeiro país a assistir à ascensão de um movimento antibolchevique, antissocialista, nacionalista, corporativo e violento. O embrião do que viria a ser o Partido Nacional Fascista foi fundado em 1919, em Milão, pelo ex-socialista Benito Mussolini.
Inicialmente, o partido era integrado pelos fasci di combattimento, grupos de combate compostos por ex-soldados, marginais e desocupados (chamados “camisas pretas”), que tinham por objetivo reprimir manifestações operárias.
Sustentado por esses grupos, Mussolini ameaçou um levante contra o governo, assumiu o poder em 1922 e dominou a Itália até 1943.
Ele pretendia reviver um império como o romano e para isso invadiu a Etiópia. Tornou-se ditador a partir de 1925. O regime valeu-se do “perigo vermelho”, o medo dos patrões e das classes médias frente ao comunismo soviético, para obter mais apoio.
Embora o fascismo, desde o início, tenha procurado ideologizar as massas, o movimento nunca teve apoio tão indiscriminado na sociedade italiana quanto o nazismo na Alemanha. Apesar disso, a Itália tolera partidos com o Movimento Socialista Fiamma, fundado em 1985 por seguidores de Mussolini.