10/03/2022 - 5:08
No dia 10 de março de 1952, Josef Stalin surpreendeu o Ocidente com uma sugestão de unificar a Alemanha, desde que esta não entrasse para a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Entre os principais pontos da proposta apresentada pelo então chefe de governo da antiga União Soviética estava o item de número 2: “Todas as tropas das forças de ocupação terão que se retirar do território alemão o mais tardar até um ano depois que o acordo de paz entrar em vigor. Ao mesmo tempo, serão fechadas todas as bases militares em território alemão.”
E o item 7 dizia: “A Alemanha se compromete a não ingressar em nenhuma coalizão ou aliança militar, voltada contra qualquer outro Estado cujas tropas participaram da guerra contra a Alemanha.”
Isso significaria a completa neutralidade política e militar de uma Alemanha reunificada. A Guerra Fria entre Leste e Ocidente atingia seu auge, e a crise na Coreia ameaçava inclusive transformar-se em terceira guerra mundial.
Estratégia da integração em alianças
As potências ocidentais, principalmente os Estados Unidos, tinham planos bem diferentes para o lado alemão ocidental. Eles queriam integrar a jovem República Federal da Alemanha em alianças militares e políticas. Discutia-se, por exemplo, a criação de uma comunidade europeia de defesa, que acabou fracassando por causa do veto francês.
A resposta indireta à sugestão de Stalin foi dada no dia 26 de maio de 1952, através da assinatura, em Bonn, do acordo que selava o ingresso da Alemanha nas alianças ocidentais.
Ao esclarecer sua importância diante do Parlamento alemão-ocidental, o então chefe de governo alemão Konrad Adenauer destacou tratar-se da decisão sobre se a República Federal da Alemanha deveria ou gostaria de se integrar à Europa.
Não faltaram críticas da Alemanha Oriental, de regime comunista. Walter Ulbricht, na época presidente do Conselho de Estado da República Democrática Alemã, chegou a acusar o governo Adenauer de tornar-se “protetorado americano e trair os interesses alemães”.
Os adversários políticos de Adenauer na própria Alemanha Ocidental estavam convencidos de que em 1952 fora desperdiçada uma chance de reunificação. Esta aconteceria só quase 40 anos mais tarde, com a derrocada do comunismo no Leste Europeu.