Fazia 20 meses que o xá Mohammad Reza Pahlavi havia deixado o Irã. Com a saída do aiatolá Khomeini do exílio em Paris e a proclamação da República Islâmica em Teerã, seguidores do regime anterior foram perseguidos. Mas o novo regime dos mulás ainda não estava completamente estabelecido quando aviões do Iraque atacaram várias bases aéreas no Irã, danificando apenas as pistas de decolagem.

Os ataques de revanche do Irã não impediram que tropas iraquianas invadissem vários trechos na fronteira entre os dois países. Em pouco tempo, haviam atacado uma região de mil quilômetros quadrados, provocando a fuga em massa de seus habitantes.

Nos meses anteriores, o então presidente do Iraque, Saddam Hussein, havia montado 12 divisões, com um contingente de 190 mil soldados. Eles foram armados com as mais modernas armas soviéticas, mais de dois mil tanques e 450 aviões de combate. Saddam Hussein estava convicto da vitória quando ordenou o ataque, ainda mais que os militares iranianos estavam enfraquecidos com a revolução.

Interesse por campos de petróleo

Muitos oficiais haviam fugido, estavam presos ou mortos. Era a revanche de Saddam, que cinco anos antes havia perdido para o Irã a metade da importante região de Shatt-el-Arab, entre os rios Eufrates e Tigre. Além disso, Bagdá queria conquistar uma importante área petrolífera no sudoeste iraniano e Saddam Hussein estava convencido de que teria o apoio da população árabe local. Mas isso não aconteceu.

O Iraque conseguiu dominar uma pequena região, que denominou Arabistão, mas não obteve o apoio de seus três milhões de habitantes. Enquanto isso, o Irã surpreendia com sua resistência, que durou oito anos. Mais de um milhão de pessoas morreram, e os dois países tiveram seu desenvolvimento atrasado em várias décadas.

Mobilização de crianças para a tropa

Em poucas semanas, Teerã conseguiu recrutar mais de 200 mil soldados, entre eles muitos jovens e crianças. Em 1985, o Iraque começou a bombardear alvos civis no Irã, principalmente na capital, inicialmente com aviões; depois, com mísseis. O aiatolá, entretanto, não aceitou a derrota e chegou a mobilizar 500 mil crianças soldados.

Não fosse o emprego de armas químicas pelo Iraque (cuja tecnologia obteve dos Estados Unidos), o Irã poderia ter vencido o conflito. Além de Washington, também Moscou, Pequim e Paris apoiaram Saddam Hussein.

Depois de oito anos de conflito e longas negociações mediadas pelo então secretário-geral da ONU Perez de Cuellar, foi acertado um cessar-fogo no dia 20 de setembro de 1988. Dois anos mais tarde, os dois países reataram relações diplomáticas.