Uma espaçonave da Agência Espacial Europeia (ESA), que estuda o planeta Marte, conseguiu fotografar o cometa 3I/Atlas, que é apenas o terceiro objeto interestelar – como são chamados os corpos celestes que se formam em outro sistema estrelar e entram no Sistema Solar – já detectado.

A instituição divulgou, na terça-feira, 7, uma imagem feita pela nave ExoMars Trace Gas Orbiter (TGO) no último sábado, 4, quando o cometa se aproximou do planeta vermelho. Na foto, é possível ver o centro do 3I/Atlas, que corresponde ao seu núcleo rochoso envolvido por uma nuvem de gás e poeira.

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Ele também foi visto pela nave Mars Express, mas ainda não foi identificado em nenhuma das fotos tiradas pelo equipamento. Isso pode ter ocorrido devido ao tempo máximo de exposição da câmera da Mars Express ser inferior ao da ExoMars TGO, segundo a ESA.

As sondas espaciais têm câmeras projetadas para capturar a superfície de Marte a uma distância que varia de centenas a milhares de quilômetros. No entanto, a ESA estima que o cometa tenha passado a 30 milhões de quilômetros de distância das duas.

O pesquisador Nicolas Thomas disse que a observação foi “muito desafiadora” para as naves, já que o cometa é de 10 mil a 100 mil vezes mais fraco do que o alvo habitual.

Os cientistas continuarão analisando os dados dos dois equipamentos nos próximos meses para tentar determinar do que o 3I/Atlas é feito e descobrir mais sobre seu comportamento à medida que ele se aproxima do Sol. Com base em sua trajetória, os astrônomos suspeitam que ele seja o comenta mais antigo já observado e tenha três bilhões de ano a mais que o Sistema Solar – que já tem 4,6 bilhões de anos.

“Embora nossos orbitadores continuem a fazer contribuições impressionantes para a ciência marciana, é sempre mais emocionante vê-los responder a situações inesperadas como esta. Estou ansioso para ver o que os dados revelarão após análises mais aprofundadas”, disse o cientista dos projetos Mars Express e ExoMars da ESA, Colin Wilson.

O 3I/Atlas foi visto pela primeira vez em 1º de julho deste ano, pelo telescópio Asteroid Terrestrial-Impact Last Alert System (Atlas), em Río Hurtado, no Chile, e tem sido estudado por astrônomos desde então. Antes dele, apenas outros dois objetos interestelares haviam sido identificados: o 1I/‘Oumuamua, em 2017, e o 2I/Borisov, em 2019.