Como você já deve ter percebido, 2010, desde o início, veio forte. Parece que a natureza “ligou o turbo”. No consultório, voltei de um mês de férias e encontrei a maioria das pessoas vivendo uma aceleração radical em seus processos existenciais. Em português simples e claro: “o bicho está pegando”.

E a astrologia, essa velha senhora, o que tem a nos dizer neste momento? Ela pode nos auxiliar de alguma forma a compreendermos e nos posicionarmos melhor em relação ao que está acontecendo e ao que há de vir?

Do alto de seus 5 mil anos de idade, dona Astrô não se abala muito com pouca coisa. Já viu impérios outrora indestrutíveis virarem ruínas… Já viu civilizações que antes ditavam as regras virarem pontos turísticos… Viu demônios virarem santos, santos virarem demônios, metalúrgicos virarem presidentes, astros do rock virarem astrólogos, políticos outrora muito populares virarem Judas… Enfim, ela já viu de tudo. E sabe que “a vida vem em ondas como o mar”… Vem e vai… Vai e vem…

Dona Astrô pode nos auxiliar muito num momento como este, em que a corda está esticando. Pode nos lembrar de que isso é um ciclo e que os ciclos têm a sua natureza, necessidade e duração. E que ciclo é este?

Teremos em 2010, mais precisamente no final de julho de 2010, um alinhamento que (felizmente) não acontece a todo momento. Urano, planeta regente do signo de Aquário, um dos três “deuses da mudança”, geralmente associado a processos de quebras e rupturas radicais em modelos vigentes, completa uma volta e chega ao primeiro grau de Áries, que é também o primeiro grau de todo o zodíaco. Só isso, já é um acontecimento astrológico significativo, que marca um momento de renovação.

Junto a Urano vem Júpiter. Considerado pelos antigos como o grande “benéfico” do zodíaco, Júpiter também está associado a avanços em paradigmas ideológicos.

Em 1845, Urano e Júpiter encontraram-se mais uma vez nos primeiros graus de Áries. Naquele ano, o Parlamento britânico promulgou a Lei Aberdeen, que foi um passo decisivo para a futura libertação dos escravos. O evento, sem dúvida nenhuma, foi paradigmático para os padrões da época e iniciou um novo ciclo para a humanidade, visto que teve um impacto profundo nas relações sociais e econômicas dali para a frente.

Em julho de 1927, novamente Urano e Júpiter chegavam aos primeiros graus de Áries. Aquele foi um ano marcado pela primeira travessia sem escalas do Atlântico, realizada por Charles Lindbergh em seu Spirit of Saint Louis. Evento que, sem dúvida, deixou o mundo muito “menor” do que era até então.

 

Aquele ano foi marcado ainda por acontecimentos políticos radicais que tiveram importância capital nos desdobramentos futuros. Em agosto, uma revolta do Exército chinês deu origem ao que viria a ser o Exército Vermelho, que teve papel fundamental na revolução que mudou a face e a história daquele antigo país e está na base do peso que ele tem hoje no planeta. Naquele mesmo ano, Benito Mussolini promulgou a “carta do trabalho”, que transformou a Itália em estado corporativo e abriu as portas para o fascismo. Josef Stálin, após expulsar Leon Trotsky, tornou-se líder absoluto do PC e da URSS. Novamente, um mundo estava terminando, e outro estava começando.

Como podemos ver, esse alinhamento marca o início de uma mudança radical. As pessoas estão fazendo barulho a respeito de 2012, mas, na verdade, o mundo acaba mesmo é em 2010. Pelo menos o mundo tal qual o conhecemos até aqui.

O céu de 2012 não apresenta nenhum aspecto astrológico radical. Nenhum que chegue próximo ao que teremos este ano.

Se não bastasse o encontro de Júpiter e Urano em Áries, que, como vimos, marca novos momentos político-ideológicos, temos ainda a posição de Saturno, senhor do tempo e das colheitas, nos primeiros graus de Libra, fazendo uma oposição exata à conjunção Júpiter-Urano. E Saturno não está só. Com ele vem Marte, que, como todos sabem, é o senhor da guerra. Se tudo isso não bastasse, Plutão, outro “deus da mudança”, implacável e compulsivo, faz uma quadratura a esse povo todo, nos primeiros graus de Capricórnio, outro signo cardinal.

O céu está pesado. De todas as conjunções anteriores que eu citei, essa é, sem dúvida, a mais tensa e a mais radical. O velho e o novo estão cara a cara para um confronto que já se anuncia há uns três anos. E agora não tem mais como “empurrar com a barriga”, não tem mais para onde correr.

O que está vindo pela frente?

 

Quem tiver olhos verá. Um velho mundo morrendo e outro, novo, nascendo. Todos já estamos sentindo a onda gigante de renovação que está chegando. As mudanças acontecem em todos os níveis: no planeta, em nosso país, aqui em Brasília e também, como não poderia deixar de ser, em nossos lares, consciências e em nossas vidas. Todos gostam de mudanças planetárias, mas quase ninguém gosta quando elas começam a acontecer em nossa vida, de verdade.

Quase todos nós, conscientes disso ou não, admitamos isso ou não, somos apegados aos modelos e estilos de nossa vida, por mais deficientes e causadores de sofrimento que eles sejam. Faz parte de nossa natureza. Somos, todos, mais ou menos conservadores. Basta ver quando algo realmente novo chega à Terra – a reação contrária que causa e a pouca adesão que conquista num primeiro momento.

O cristianismo, hoje, é uma potência política e econômica, influindo em governos, movimentando bilhões e capitaneando guerras. Mas, no começo, ele se limitava a 12 pessoas e, durante 500 anos, nos seus primórdios, ser simpático às suas ideias era motivo bastante para mandar alguém ser almoço dos leões.

Só que há momentos em que não existe escolha: é mudar ou mudar. E este é um desses momentos. Todo esse transtorno, esse rebuliço em nossas vidas são as mudanças chegando e batendo na porta dos nossos velhos estilos de vida, que se defendem como podem. Com unhas e dentes, como Saturno e Marte sinalizam.

Será que estamos dispostos a mudar? Será que sabemos o que precisamos mudar? Ou será que ainda estamos pensando que os problemas em nossas vidas são causados pelo ex, pela ex, pelos filhos, pela sogra, pelo Lula, pelo Arruda, por nossos inimigos, Deus, o diabo, etc.?

O tsunami da transformação planetária está batendo na praia. Ou pegamos essa onda e vamos com força para a frente, ou ela nos pega e quebra a espinha dorsal de nossas resistências. A hora de mudar é agora. Se a sua vida já está de pernas para o ar e você não está dando conta sozinho, procure ajuda. Um médico, padre, psicólogo, terapeuta, astrólogo, um amigo de verdade. Enfim, alguém que possa ajudá-lo a se enxergar, pois nós não viemos equipados de fábrica com espelho retrovisor. Somos todos muito hábeis para enxergar cisco no olho do irmão e cegos para ver a trave em nosso próprio olho.