16/03/2018 - 18:59
Compasso de espera
Não se pode dizer que a 23ª Conferência do Clima das Nações Unidas (COP23), realizada em novembro em Bonn, na Alemanha, foi improdutiva. Os Estados Unidos sob a gestão Trump, defensores do carvão e negadores do aquecimento global, foram isolados. As diferenças entre países desenvolvidos e em desenvolvimento foram controladas e os primeiros confirmaram a intenção de cumprir suas metas até 2020. O quadro, assim, parece favorecer uma conciliação maior na revisão dos planos climáticos a ser iniciada em 2018. Enquanto isso, porém, a mudança climática avança sem clemência.
E o Brasil? O país passou anos confortável na situação de detentor da maior floresta tropical do mundo, mas esse salvo-conduto não funciona mais. A taxa de desmatamento na Amazônia de fato caiu, mas atos do governo Temer, como as tentativas de decretar o fim da Reserva Nacional de Cobre e Associados (Renca) e de diminuir a área da Floresta Nacional do Jamanxim, mostram que a redução no corte de árvores não teve nada a ver com a vontade das autoridades. Para piorar, o Brasil ganhou um Fóssil do Dia (“homenagem” a quem dificulta as negociações no evento) pelo envio ao Congresso de uma medida provisória que propõe subsídios trilionários ao pré-sal. No balanço geral, o viés de 2018 está mais para cautela do que para otimismo.
Degelo irreversível
Lançada há nove anos, a Operação IceBridge, da Nasa, a agência espacial americana, não traz boas notícias sobre a situação do gelo na Antártida. Atualmente avaliando por uma série de sobrevoos o quadro na parte ocidental do continente (em especial nos mares de Bellingshausen e Weddell e nas geleiras da parte sul da Península Antártica), os pesquisadores do programa alertam que a camada de gelo da região pode estar em declínio irreversível. Esse fato contribui diretamente para o aumento do nível do mar. Segundo o National Climate Assessment, estudo produzido a cada quatro anos por cientistas de 13 agências federais do governo americano e divulgado em novembro, o aumento da temperatura global nos últimos 115 anos foi causado principalmente por “atividades humanas, especialmente emissões de gases de efeito estufa”.
horas foi o tempo que durou a primeira experiência de um ônibus autônomo em Las Vegas (EUA), em novembro, antes de um caminhão bater nele. Segundo os passageiros do ônibus, o veículo permaneceu imóvel enquanto o caminhão se aproximou de ré até colidir. As autoridades consideraram o motorista do caminhão culpado pelo incidente. Não houve feridos.
Comunicação entre cetáceos
Baleias podem aprender a linguagem dos golfinhos, afirmam cientistas russos. A constatação foi feita a partir da transferência, em 2013, de uma baleia beluga de 4 anos de idade para o Koktebel, uma instituição da Crimeia especializada em criar e amestrar golfinhos. Os cetáceos foram colocados em tanques próximos, e depois de dois meses a beluga começou a emitir assobios imitando os golfinhos. No entanto, a baleia aparentemente foi “esquecendo” sua própria linguagem. “Enquanto as imitações dos assobios dos golfinhos foram regularmente detectadas entre as vocalizações da beluga, descobrimos apenas um caso em que os golfinhos produziram sons curtos semelhantes aos emitidos pela baleia”, afirmou a pesquisadora Elena Panaova, da Academia de Ciências da Rússia. A descoberta foi publicada em novembro na revista Animal Cognition.
Exoesqueleto na fábrica
O trabalho em linhas de montagem está ligado a tarefas repetitivas, que podem levar os operários a lesionar-se. Em parceria com a montadora Ford, a Ekso Bionics, da Califórnia, produziu um exoesqueleto que ajuda os trabalhadores a levantar objetos pesados e executar tarefas sobre a cabeça. Parecido com uma armadura de alta tecnologia, o EksoVest eleva e sustenta os braços de um trabalhador e lhe permite erguer até 15 kg de peso em cada lado do corpo. Como a Ford calcula que seus operários levantem os braços cerca de 4.600 vezes por dia na linha de montagem, a novidade tem sido elogiada pelos usuários, que se dizem mais descansados e calmos após o trabalho.
Tragédia de Mariana, balanço 2015-2017
Dois anos se passaram depois do rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), que despejou quase 40 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minérios em um vale do município, numa catástrofe que chegou à bacia do rio Doce e, por meio dela, ao Oceano Atlântico. O maior desastre ambiental do mundo ligado à mineração poderia servir de marco nas ações dos grandes responsáveis pelo incidente – a mineradora Samarco e suas controladoras, Vale e BHP Billiton – e das autoridades envolvidas para consertar ou amenizar o ocorrido. Mas quem apostou na inércia e no tradicional jogo de empurra infelizmente está se dando bem. Confira a seguir alguns dos números que a tragédia gerou até agora.
Passagem de pedestres em 3D
Na foto abaixo, tirada em 27 de outubro de 2017, pessoas atravessam a primeira passagem de pedestres em 3D da França, criada para encorajar os motoristas a desacelerar nas proximidades de escolas. O experimento, que graças à ilusão de 3D parece um conjunto de barras flutuando no ar, está sendo testado em Cysoing, no norte do país, e é semelhante a um sistema já existente na Índia, na Islândia e na Bélgica. “Uma passagem para pedestres como essa faz parecer que existe algo bloqueando a via”, afirma Gauti Ívar Halldórsson, diretor executivo da empresa islandesa Vegamálun, que implantou a novidade no seu país.
Espaço revelado
Construída entre 2509 e 2483 a.C., a Pirâmide de Quéops, a maior do complexo de Gizé, no Egito, produziu mais uma surpresa, divulgada no início de novembro: segundo cientistas japoneses e franceses, reunidos no projeto ScanPyramids, a construção abriga em seu interior um grande espaço vazio até então desconhecido. Ele fica logo acima da Grande Galeria, a maior das três câmaras interiores da construção, com 47 metros de comprimento e 8 de altura. O espaço encontrado teria um tamanho similar, mas não se sabe ainda se ele é contínuo ou uma sucessão de aposentos. A descoberta foi possível graças ao escaneamento da construção por muografia, técnica usada no estudo de vulcões que revela mudanças de densidade consideráveis em grandes estruturas rochosas.
Teoria subvertida
Um planeta do porte de Júpiter não pode se formar em torno de uma estrela bem menor que o nosso Sol, diz a teoria científica. Ela terá de ser revista após a descoberta, divulgada em outubro na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, de um planeta enorme orbitando a anã vermelha NGTS-1, a 600 anos-luz da Terra. O corpo celeste, denominado NGTS-1b, tem o tamanho de Júpiter, mas sua massa é 20% menor. A distância entre ele e a NGTS-1 é igual a 3% daquela entre a Terra e o Sol, e seu ano dura apenas 2,6 dias. O planeta é o primeiro descoberto com o sistema Next-Generation Transit Survey (NGTS), instalado no Observatório Paranal, no Chile.
Preferência pelos cães
Os humanos dedicam sua empatia sobretudo aos cães, que chegam a ganhar de outros humanos, segundo uma pesquisa recente. Ela foi inspirada em um experimento feito em 2015 pela instituição médica beneficente Harrison’s Fund, do Reino Unido, no qual um anúncio apresentava uma foto e uma pergunta: “Você doaria 5 libras para salvar Harrison de uma morte lenta e dolorosa?” Numa das versões do anúncio, Harrison era um garoto; na outra, um cão. Este último recebeu a maioria das doações. No estudo atual, da Northeastern University de Boston (EUA), publicado na revista Society & Animals, 240 participantes leram uma notícia falsa sobre um agressor que feriu severamente a vítima. Havia quatro versões dessa vítima: um bebê de 1 ano, um adulto de 30 anos, um filhote de cachorro e um cão de 6 anos. O nível de empatia quanto ao adulto foi bem menor do que o dirigido aos demais alvos, cujos índices foram similares entre si.
milhão de dólares foi o valor alcançado por uma nota que Albert Einstein escreveu para um mensageiro em Tóquio na qual o cientista resumiu sua teoria da existência feliz. “Uma vida tranquila e modesta traz mais alegria do que uma busca de sucesso ligada ao constante descontentamento”, diz o texto. Os leiloeiros, em Jerusalém, previam inicialmente que a peça arrecadaria no máximo US$ 8 mil.
No controle dos sonhos
Uma pesquisa australiana divulgada recentemente mostra que é possível aumentar bastante a possibilidade de ter sonhos lúcidos – aqueles em que o sonhador está ciente de que está sonhando e pode escolher o que acontece. Para tanto, basta usar três técnicas simples, descritas a seguir, com destaque para a terceira. Segundo os pesquisadores da Universidade de Adelaide, a combinação dessas técnicas potencializa o efeito. “Esses resultados nos levam um pouco mais perto do desenvolvimento de técnicas de indução altamente eficazes, que nos permitirão estudar os muitos benefícios potenciais dos sonhos lúcidos, como o tratamento de pesadelos e a melhoria de talentos e habilidades físicas por meio do ensaio no ambiente de sonhos lúcidos”, afirma o pesquisador Denholm Aspy.
As técnicas propostas…
1- Verifique seu ambiente várias vezes por dia para ver se você está sonhando. Isso presumivelmente induz um estado em que você está mais aberto à possibilidade de ter um sonho que pode controlar, o que favorece sua ocorrência quando você está realmente na cama.
2- Vá dormir e programe-se para acordar cinco horas depois; fique acordado por um curto período e, a seguir, volte a dormir. Isso estimula o sono REM, durante o qual a probabilidade de os sonhos lúcidos ocorrerem aumenta muito.
3- Depois de acordar após cinco horas de sono, repita para si mesmo: “Na próxima vez que estiver sonhando, vou lembrar que estou sonhando” – e imagine-se em um sonho lúcido.
… e o que aconteceu depois
17% das pessoas testadas tiveram sonhos lúcidos em uma semana, um percentual muito maior do que o número normal de sonhadores lúcidos
46% dos indivíduos testados que dormiram cinco minutos depois de completar a rotina tiveram sonhos lúcidos, índice muito mais alto do que seria normalmente esperado
Camuflagem de dinossauro
A “máscara” que mamíferos como texugos e guaxinins têm na face já existia na época dos dinossauros, afirmam paleontólogos da Universidade de Bristol (Reino Unido) em estudo publicado em outubro na revista Current Biology. Eles a descobriram no Sinosauropteryx, um predador do tamanho do peru, com cauda longa e braços curtos, que viveu entre 120 e 133 milhões de anos atrás na China. Examinando vestígios de plumagens nos fósseis de três animais dessa espécie, os cientistas acharam evidências da “máscara” e de um padrão de camuflagem que variava de cores escuras no dorso a tons claros perto do ventre. O padrão é semelhante ao de animais modernos que vivem em espaços abertos, como as gazelas. É a primeira vez que essa variação de cores surge em um animal extinto, diz Fiann Smithwick, da Universidade de Bristol, coautora do estudo.
Frágil beleza
Situada no norte do Arizona (EUA), “A Onda” é uma área de vales de arenito formados pela erosão de água e vento. O resultado é tão impactante que atrai turistas de longe, mas a fragilidade das rochas obrigou as autoridades a disciplinar a visitação. Hoje, apenas 20 pessoas obtêm permissão para caminhar nas formações por dia – dez sorteadas por um sistema de loteria no dia anterior e outras dez com autorização online concedida até quatro meses antes para viagens planejadas com antecedência.
Sopro de esperança
A foto à esquerda, divulgada em outubro pela Secretaria Mexicana de Meio Ambiente e Recursos Naturais, mostra cientistas no Golfo da Califórnia segurando um filhote de vaquita de seis meses de idade, o primeiro a ser capturado como parte de um programa para tentar salvar essa espécie da extinção. O filhote foi devolvido ao mar no mesmo local onde havia sido retirado, pois os veterinários do programa consideraram que ele era muito jovem para ser separado da mãe. Menor dos cetáceos da Terra, a vaquita ficou seriamente ameaçada porque fica presa nas mesmas redes de pesca destinadas à captura de um peixe, a totoaba, espécie também ameaçada.
Problema disseminado
O problema está cada vez mais espalhado na Europa assim que o inverno se aproxima: a foto ao lado é de Milão, na Itália, em 20 de outubro, em meio a um smog (nuvem de poluição) que cobriu o céu urbano. Milão e outra metrópole do norte do país, Turim, sofreram naquele período com picos na concentração de material particulado fino na atmosfera – em Turim, os níveis dessas substâncias ultrapassaram 100 microgramas por metro cúbico, tal como nas cidades mais poluídas do mundo. O prefeito de Milão, Giuseppe Sala, propôs uma mudança “drástica” que priorize o transporte público elétrico, as bicicletas e o compartilhamento de carros como forma de combater o problema.
Fim do dinheiro
A Suécia poderá ser o primeiro país do mundo a dispensar completamente o uso de dinheiro físico, afirmam os pesquisadores Niklas Arvidsson, do Instituto Real de Tecnologia, de Estocolmo, e Jonas Hedman, da Escola de Economia de Copenhague. Segundo seu estudo, divulgado em outubro, esse meio de pagamento não será usado ou aceito pelos varejistas suecos a partir de 2023, na previsão mais otimista. Uma pesquisa entre lojistas do país revelou que metade deles imagina parar de aceitar dinheiro em 2025. Hoje, 97% desses estabelecimentos aceitam notas e moedas nas transações, mas apenas 18% delas envolvem dinheiro físico. Os pagamentos são feitos sobretudo por meio de cartões de crédito e débito – os aplicativos para pagar por celular representam ainda apenas 0,4% do total.
milhões de toneladas de carbono foram liberadas na atmosfera pelas florestas tropicais da Terra anualmente entre 2003 e 2014. No mesmo período, essas matas fixaram 425 milhões de toneladas de carbono por ano, em média. A diferença, segundo cientistas americanos em estudo publicado em setembro na revista Science, é explicada basicamente pelo desmatamento.