03/02/2024 - 17:30
Em carta à comunidade judaica, Francisco repudia o antissemitismo, “de coração dilacerado pelo que ocorre na Terra Santa”. Primeiras reações do Vaticano ao conflito Israel-Hamas haviam gerado críticas.O papa Francisco condenou o “terrível aumento” dos ataques contra judeus em todo o mundo, assim como do antissemitismo e do antijudaísmo desde 7 de outubro de 2023, quando o grupo islamista palestino Hamas perpetrou atentados em Israel, desencadeando uma guerra na Faixa de Gaza.
“Nós, católicos, juntamente com vocês, estamos muito preocupados com o terrível aumento dos ataques contra os judeus em todo o mundo”, escreveu o pontífice em carta dirigida aos “irmãos e irmãs judeus em Israel”, divulgada pelo Vaticano neste sábado (03/02). Segundo ele, o comunicado é uma reação a mensagens de organizações judaicas de todo o mundo.
O líder da Igreja Católica salienta que os cristãos “condenam inequivocamente” as manifestações de ódio face aos judeus e ao judaísmo, classificando-as como “um pecado contra Deus”. De “coração dilacerado pelo que está acontecendo na Terra Santa”, ele afirma que o mundo inteiro olha para lá com apreensão e dor, e expressa “especial proximidade e carinho” para com os habitantes daquela região.
“Abraço cada um de vocês e especialmente quem está consumido pela angústia, pela dor, pelo medo e até pela ira”. Francisco reza para que “Deus intervenha e acabe com a guerra e o ódio” que coloca em perigo o mundo, e espera que a paz prevaleça. Judeus e católicos na Terra Santa devem trabalhar pela paz e justiça, fazendo todo o possível para criar relações capazes de abrir novos horizontes, conclui o líder religioso.
Observadores interpretam a carta como um gesto de conciliação atrasado, já que a reação inicial de Francisco aos atentados pelo Hamas em território israelense gerou uma onda de críticas ao Vaticano.
27 mil mortos e 1,9 milhão de deslocados no enclave palestino
O mais recente conflito entre Israel e o Hamas foi desencadeado pelo ataque sem precedentes do movimento fundamentalista islâmico palestino em Israel, em 7 de outubro de 2023, deixando 1.140 mortos, na maioria civis, e levando mais de 200 reféns, segundo números oficiais de Telavive.
Em retaliação, Israel lançou uma ofensiva em grande escala na Faixa de Gaza, onde, segundo as autoridades locais tuteladas pelo Hamas, já houve mais de 27 mil mortos, sobretudo mulheres, crianças e adolescentes. O governo de Benjamin Netanyahu promete eliminar o movimento islamista palestino, classificado como terrorista pela União Europeia e Estados Unidos.
Segundo a Organização das Nações Unidas, as ofensivas israelenses também já resultaram em cerca de 1,9 milhão de deslocados – cerca de 85% da população de Gaza –, mergulhando numa grave crise humanitária o enclave palestino superpopuloso e pobre. Após o apoio incondicional inicial, Telavive está sob pressão internacional crescente para dar fim à violência.
av (Reuters,AP,Lusa)