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23/04/2024 - 13:47
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Um estudo que contou com a participação de pesquisadores brasileiros e indianos criou um tratamento que utiliza nanopartículas para o tratamento de tumores sólidos. O artigo foi publicado no Journal of Controlled Release e divulgado pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) nesta terça-feira, 23.
Estiveram envolvidas as instituições: USP (Universidade de São Paulo); Amity Institute of Integrative Sciences and Health, de Haryana, na Índia; Departamento de Cirurgia Oncológica do All India Institute of Medical Sciences e o Instituto Nacional de Imunologia, ambos de Nova Délhi; Além do Instituto Nacional de Genômica Biomédica, localizado em Kalyany, na Bengala Ocidental.
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O tratamento faz o uso das nanopartículas para inibir o denominado de TME (Microambiente Tumoral – em tradução). Isso porque os cânceres sólidos estão alojados em locais do corpo que possuem células do próprio paciente que impedem outras estruturas do sistema imunológico de combater a doença. Tal funcionamento também dificulta a efetividade de remédios.
Em uma tentativa de inibir os efeitos do TME, os cientistas criaram nanomicelas conhecidas como “quimeras”, que possuem entre um e 100 nanômetros e são compostas por fosfolipídios, docetaxel – substância usada no controle de células tumorais – e dexametasona – um anti-inflamatório. Tal conteúdo é injetado no paciente de maneira intravenosa.
De acordo com Lúcia Helena Faccioli, professora da FCFRP-USP (Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo), os testes em animais de laboratório demonstraram que as nanomicelas foram eficientes, diminuindo o tamanho dos tumores e garantindo um tempo de vida maior às cobaias.
Os espécimes que não foram apresentados às nanomicelas tiveram um tempo de vida que variou de 28 a 30 dias, enquanto as cobaias em que as substâncias foram ministradas atingiram 44 a 50 dias.
“O tratamento induziu uma diminuição superior a cinco vezes no volume do tumor em comparação com tumores não tratados no modelo de câncer de cólon”, explicou Avinash Bajaj, chefe no laboratório de nanotecnologia e Química Biológica do Centro Regional de Biotecnologia de Faridabad.
Acontece que as nanomicelas quiméricas reduziram e alteraram as células que permanecem ao redor do tumor, possibilitando a ação do sistema imune do paciente, além de inibir a emissão de PGE2, substância inflamatória que dificulta o pleno funcionamento de estruturas antitumorais.
De acordo com Lúcia Helena Faccioli, apesar de ter sido testado somente em animais, os resultados foram promissores e há potencial na pesquisa, já que as substâncias utilizadas possuem aprovação para uso em humanos.