23/05/2024 - 10:44
Um grupo de paleontólogos argentinos anunciou na última terça-feira, 21, a descoberta, na província de Chubut, na Patagônia, de um dinossauro carnívoro que viveu no atual território do país sul-americano há 69 milhões de anos.
A espécie de dinossauro, da família dos abelissaurídeos, foi batizada de Koleken inakayali e é parente do Carnotaurus, um dos carnívoros mais característicos do período Cretáceo Superior (de 71 a 69 milhões de anos atrás), que também viveu na atual América do Sul.
A pesquisa que levou à descoberta dos restos de dinossauros faz parte do projeto “O fim da era dos dinossauros na Patagônia”, no qual colaboram a National Geographic Society e 70 pesquisadores do Conselho Nacional de Pesquisas Científicas e Técnicas da Argentina (Conicet).
De acordo com os pesquisadores, o Koleken inakayali é menor que o Carnotaurus e não tem chifres no crânio.
Dinossauro com “braços ridículos”
“Os abelissaurídeos estão entre os carnívoros mais notáveis e fascinantes do Cretáceo, com uma variabilidade única na ornamentação do crânio, como cristas, cúpulas e chifres”, disse à revista National Geographic um dos pesquisadores responsáveis pelo projeto, Diego Pol.
De acordo com a revista, os carnívoros abelissaurídeos pré-históricos tinham um corpo mais robusto do que o dos famosos tiranossauros.
Federico Agnolin, paleontólogo do museu argentino que não participou da descoberta, ressalta que, em vida, os braços desses dinossauros eram tão curtos que mal se distinguiam do resto do corpo.
“Os abelissaurídeos também tinham braços ridículos, mesmo comparados aos dos tiranossauros. Os abelissaurídeos tinham ossos enormes nos ombros, mas braços extremamente curtos com vários dedos pequenos, claramente inúteis para capturar presas e, ainda assim, bastante flexíveis. Ainda não sabemos para que eles usavam os membros anteriores”, disse Pol.
“Que vem da argila e da água”
De acordo com Pol, o nome da nova espécie de dinossauro está no idioma tehuelche, um povo nativo da Patagônia, e significa “vindo da argila e da água”.
“Isso se refere ao fato de que os sedimentos nos quais os fósseis foram encontrados eram argilas depositadas em um estuário há 69 milhões de anos”, acrescentou. A palavra Inakayali é uma homenagem a um chefe do mesmo povo.
Os paleontólogos encontraram um esqueleto parcial do dinossauro, com vários fósseis cranianos, restos de seu quadril, cauda e pernas. “O corpo desse animal foi provavelmente transportado por um rio até um estuário, onde acabou enterrado logo após sua morte”, disseram os pesquisadores em um comunicado.
Para os especialistas, a descoberta é uma amostra da variedade de carnívoros abelissaurídeos no supercontinente de Gondwana, ao qual pertenciam geologicamente a América do Sul, a África, a Índia, Madagascar, a Austrália e a Antártida.
“É interessante porque nos levará, no futuro, a explorar o que poderia ter influenciado aumentos tão acentuados na evolução desses carnívoros”, disseram os especialistas.