01/03/2009 - 0:00
Ano Internacional da Astronomia
Quatro séculos depois das primeiras observações realizadas por Galileu com um telescópio astronômico, o mundo dedicará este ano uma atenção especial aos céus e aos astros. Foi lançado na sede da Unesco, em Paris (França), o Ano Internacional da Astronomia, celebrado em 2009 por decisão das Nações Unidas. No Brasil, a iniciativa foi lançada no auditório do Planetário do Rio de Janeiro, em cerimônia que contou com a presença do coordenador do escritório da Unesco na capital fluminense, Pedro Lessa, e representantes do Ministério da Ciência e Tecnologia, entre outras autoridades. A expectativa é que o ano seja uma plataforma de informação ao público em geral sobre descobertas recentes em astronomia e sobre a função central que a área pode exercer na educação em ciências.
Entrevista a Piere Gailard, da Unesco
Para que serve a astronomia?
A astronomia é a ciência que permite ao homem tentar responder a questões que ele se pergunta desde sempre: de onde viemos? Para onde vamos? Estamos sós no universo?
Procuramos, com meios científicos, responder a tais questões e compreender como funciona o universo, as galáxias que o povoam, as estrelas, os planetas. Saber se existem outros planetas no universo e se eles se parecem com o nosso. E, dentro de algum tempo, saber se eles são habitados por seres vivos, talvez feitos de células como nós.
Como está a astronomia no mundo?
Vivemos a idade de ouro da astronomia, em parte graças aos enormes avanços da tecnologia. A astronomia é uma ciência que utiliza ao máximo a tecnologia e que faz com que ela avance, indo sempre aos extremos da eletrônica, da ótica, da mecânica. Os avanços recentes permitem que tenhamos agora meios de observação muito superiores aos que possuíamos no passado.
Durante muito tempo, estudamos apenas as galáxias vizinhas, aquilo que chamamos de nosso universo próximo. Agora, possuímos telescópios muito mais sensíveis, permitindo a observação de fontes muito mais fracas. Quase sempre, essas fontes nos parecem fracas simplesmente porque estão longe. Quando observamos uma galáxia muito distante, nós a vemos como ela era no momento em que emitiu a luz que hoje recebemos. Atualmente, pensamos que a idade do universo gira ao redor de 13,6 bilhões de anos. Somos capazes de observar galáxias que são apenas um pouco mais jovens do que o próprio universo.
Quais novidades nos promete a astronomia para os anos que virão?
Vivemos atualmente as primeiras descobertas de galáxias que existiam muito cedo na vida do universo. Por enquanto, discernimos apenas algumas, as mais brilhantes. Mais à frente, com instrumentos ainda mais sensíveis, poderemos compreender como elas se formaram, se elas se parecem com as galáxias tais como elas são atualmente. Poderemos estudar suas propriedades.
Estamos próximos também de determinar os parâmetros cosmológicos, aqueles que regem a expansão do universo e sua criação no momento do big-bang. E também lá temos a perspectiva de muito progresso. Enfim, existem planetas extrassolares que há pouco mais de dez anos começamos a descobrir graças a seus efeitos indiretos. Agora, já conhecemos algumas centenas deles. Sabemos cada vez melhor como encontrar aqueles que se parecem com a Terra, e logo estaremos estudando suas características.
Na interpretação do artista, um exoplaneta (embaixo, à direita) orbita ao redor da sua estrela.
Todas essas evoluções irão modificar a profissão de astrônomo?
Hoje, o cotidiano do astrônomo não tem mais nada a ver com o que acontecia no passado. Temos essencialmente dois tipos de astronomia de observação: a astronomia no solo e a no espaço. Para o espaço, levamos muito tempo para desenvolver os instrumentos. Eles devem ser perfeitos, não temos direito ao erro. Propor e, em seguida, realizar um projeto instrumental demora, para começar, uns 15 anos. A seguir, o instrumento parte num satélite e, para a exploração do Sistema Solar, é preciso às vezes esperar oito ou dez anos para que a sonda chegue ao endereço. É preciso muita, muita paciência!
Para os astrônomos que observam do solo, os telescópios atuais não têm mais nada a ver com os de nossos predecessores. Temos agora telescópios com diâmetros de 8 a 10 metros, e estudamos alguns novos com diâmetros da ordem de 30 metros, e até de 40 metros e mais. Os astrônomos não estão mais sentados diante de um telescópio, no interior de uma cúpula fria, com os olhos cravados na estrela para estarem certos de que ela não saia do campo visual. Hoje, eles trabalham diante de computadores e fazem tudo por telecomandos. Não mais nos limitamos a uma astronomia no âmbito do visível.
Entre o Sol e o espaço, perscrutamos o universo em todos os comprimentos de onda, das ondas de rádio até os raios gama, o que nos proporciona uma visão muito mais completa.
O que nos trará o Ano Internacional da Astronomia?
O Ano Internacional da Astronomia foi inventado pela União Astronômica Internacional e, felizmente, a Unesco se associou rapidamente à iniciativa. Nosso objetivo é de compartilhar com o resto do mundo o nosso assombro de astrônomos diante dos mistérios do universo.
Desejamos que todos os países do mundo também se associem a ele – a maioria já o fez. E desejamos que o público, no sentido mais amplo possível, possa participar. Queremos que, ao final do Ano, cada pessoa na Terra tenha passado pelo menos alguns momentos contemplando o céu, tenha lido alguma coisa sobre as descobertas mais recentes e tenha refletido um pouco sobre nossa posição no universo.
PARA SABER MAIS
Links úteis
Unesco no Brasil: http://www.brasilia.unesco.org www.unesco.org/photobank/exec/index.htm (Banco de Imagens)
whc.unesco.org (Lista dos sítios do Patrimônio da Humanidade)
www.unesco.org/mab/index.htm (Lista de Reservas da Biosfera)
A Unesco recebe imagens do Patrimônio da Humanidade e reservas de biosfera de todos os países do mundo Especificações para fotos digitais (somente JPeg). Peso: acima de 1,2 Mb. Resolução: 300 dpi. Tamanho: acima de 2.100 x 1.400 pixels. Se você deseja colaborar doando fotos à Fototeca Unesco, escreva para phototheque@unesco.org