Suspensão da viagem da Comissão a Budapeste e outras medidas restritivas são resposta a reuniões do premiê Viktor Orbán com Putin, Xi e Trump, justamente quando Hungria detém presidência do Conselho Europeu.A Comissão Europeia anunciou nesta segunda-feira (15/07) que não enviará seus comissários às reuniões informais realizadas na Hungria, enquanto o país detenha a presidência rotativa do Conselho da União Europeia. A gestão húngara iniciou-se em 1º de julho com visitas polêmicas do primeiro-ministro Viktor Orbán à Rússia e à China, sem mandato de representação da UE.

O porta-voz da Comissão Europeia, Eric Mamer, anunciou na plataforma X: “À luz dos recentes desdobramentos no início da presidência húngara, a presidente [Ursula von der Leyen] decidiu que a Comissão estará representada unicamente em nível de altos funcionários nas reuniões informais do Conselho. Não haverá a viagem do colégio de comissários à presidência.”

Cada país que detém a presidência do Conselho da UE em ritmo semestral celebra em seu território uma série de reuniões informais com os ministros de cada ramo, tradicionalmente com a assistência do comissário da pasta correspondente e dos ministros dos 27 Estados-membros.

As presidências costumam ainda começar com uma viagem da Comissão Europeia completa ao país titular, durante a qual transcorrem reuniões entre ministros e comissários, assim como entre a presidência da Comissão e o chefe de governo do país em questão.

Parlamentares propõem cortar presidência semestral húngara

Além de suas demonstrativas visitas aos presidentes russo, Vladimir Putin, e chinês, Xi Jinping, em 11 de julho o populista de direita Orbán também se encontrou com Donald Trump, atual candidato do Partido Republicano à presidência dos Estados Unidos, notório por sua conexão com as extremas direitas internacionais.

As instituições europeias insistiram que, nessas viagens, o premiê representava a Hungria, não o conjunto da UE. No entanto o material compartilhado por Budapeste nas redes sociais ia acompanhado do logo da presidência húngara do Conselho.

Perante as recentes polêmicas, algumas bancadas do Parlamento Europeu, como a dos liberais, sugeriram abreviar os seis meses da rotatividade e passar já a presidência do Conselho da UE à Polônia. Alguns Estados-membros, em especial nórdicos, estão decidindo se se fazem representar por funcionários e não por governantes nas reuniões informais em Budapeste, como forma de protesto.

A presidência rotativa não representa a UE no exterior, cabendo essa responsabilidade ao presidente do Conselho Europeu, atualmente Charles Michel, e ao alto representante da UE para Assuntos Externos e Política de Segurança, Josep Borrell.

av (EFE,AFP,DPA,ots)