01/08/2024 - 12:06
Hasteamento errado de bandeira, confusão com nome de países, troca de hino, entre outros deslizes, causam piadas e provocam críticas à organização do evento e ao Comitê Olímpico Internacional.Esta é a terceira vez que Paris recebe osJogos Olímpicos. Eleita para ser a sede das competições em 2024, a capital francesa também foi cenário dos eventos de 1900 e 1924. A experiência, porém, parece não estar sendo suficiente para evitar gafes por parte da organização.
Desde que as competições começaram oficialmente, em 26 de julho, vários episódios constrangedores envolvendo as cerimônias oficiais, os protocolos e as provas já ocorreram. Em um dos casos, a confusão rendeu até tensões diplomáticas entre a França e o país envolvido. Paris também está tendo as estruturas montadas para o evento criticadas por atletas e imprensa especializada em esportes.
As competições olímpicas vão até o dia 11. Em seguida, ocorrem os Jogos Paralímpicos, de 28 de agosto a 8 de setembro. Cerca de 22 mil atletas passarão pela capital francesa para disputar medalhas.
A DW lista abaixo as principais gafes cometidas pela organização na primeira semana de Jogos.
Poluição do Rio Sena
Grande protagonista da abertura dos Jogos, o rio Sena carrega a grande promessa de legado de Paris 2024. O ambicioso plano de despoluição do rio, entretanto, está gerando mudanças no calendário de algumas modalidades, como o triatlo, pela qualidade da água. A prova, marcada para comecar na terça-feira (30/07), precisou ser adiada em um dia, após a constatação da presença da bactéria Escherichia coli, que pode provocar diarreias e infecção urinária.
Quando a prova aconteceu, alguns atletas chegaram a desmaiar e vomitar ao fim da competição. Foi o caso do canadense Tyler Mislawchuk e do neozelandês Hayden Wilde, cujas imagens passando mal se tornaram virais nas redes sociais.
Não há nenhuma comprovação, entretanto, de que o mal-estar esteja conectado ao nado no Sena.
Em meados de julho, a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, e o presidente do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos, Tony Estanguet, nadaram no rio, em um ato simbólico para demonstrar a possibilidade de realizar as competições nas águas do famoso rio parisiense.
Piscina rasa
Uma das piscinas utilizadas para as competições de natação vem sendo criticada pela imprensa mundial. Ela fica no complexo La Défense e tem 2,2 metros de profundidade, sendo mais rasa do que a de Jogos Olímpicos passados.
A estrutura não tem a profundidade determinada pela World Aquatics (entidade responsável por administrar competições internacionais nos desportos aquáticos). A entidade estabeleceu, em 2023, que as piscinas devem ter 2,5 metros de profundidade mínima para os Jogos Olímpicos. O fato é que Paris recebeu a aprovação para sediar o evento seis anos antes, em 2017, não sendo obrigada a cumprir a determinação.
A questão foi tema de reportagem do The Wall Street Journal, publicada no dia 29 de julho, e do The Washington Post, no dia 30. Ambos os veículos americanos questionaram o fato de que nenhum atleta conseguiu quebrar recordes mundiais nadando nas águas de La Défense.
Em Pequim 2008, por exemplo, a piscina olímpica tinha três metros de profundidade e foi palco de 25 recordes mundiais individuais.
Troca de nome das Coreias
Durante a cerimônia de abertura, oComitê Olímpico Internacional (COI) cometeu uma gafe diplomática e trocou o nome da Coreia do Sul pelo da sua rival Coreia do Norte. O erro aconteceu quando a delegação sul-coreana desfilava pelas águas do Rio Sena, em um barco onde também estavam outras quatro nações representadas – mas não a da Coreia do Norte.
Os locutores do evento anunciaram, em inglês e francês, “República Democrática da Coreia” para se referir à Coreia do Sul, que na verdade se chama apenas “República da Coreia”. Várias entidades oficiais sul-coreanas se pronunciaram sobre o ocorrido. O Ministério dos Esportes da Coreia do Sul emitiu um comunicado, afirmando que o episódio em Paris foi lamentável. Já o Ministério das Relações Exteriores disse que havia entrado em contato com a embaixada francesa em Seul.
O COI pediu desculpas profundas pelo ocorrido. Um erro semelhante já havia acontecido também nos jogos de Londres, em 2012, mas com a Coreia do Norte como protagonista. O pedido de desculpas foi postado na conta oficial em coreano do comitê organizador dos Jogos. Além disso, o chefe do COI, Thomas Bach, teria pedido desculpas por telefone diretamente ao presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk-yeol.
Bandeiras ao contrário e trocadas
Também na cerimônia de abertura, a bandeira com os arcos olímpicos foi hasteada ao contrário, com os símbolos virados para baixo.
Essa não foi a única gafe com bandeiras. Tem sido comum nos Jogos que os símbolos dos países sejam trocados por outros na apresentação dos atletas. A nadadora argentina Macarena Ceballos, por exemplo, foi anunciada com a bandeira da China quando estava a caminho da piscina para disputar uma prova dos 100 metros nado peito.
Hino errado
Primeira equipe do país a disputar os Jogos Olímpicos, o time masculino de basquete do Sudão do Sul teve uma surpresa durante a sua estreia na competição. No momento da execução do hino dos países competidores, os organizadores colocaram, na verdade, o hino do Sudão. O erro provocou desconforto e vaias na plateia que estava no Estádio Pierre Mauroy, em Villeneuve-d’Ascq, para assistir a equipe jogar contra Porto Rico.
Os atletas permaneceram com a mão no peito, enquanto o som era trocado para o hino correto, que tocou em seguida. A situação aconteceu no último domingo (28/07), antes da vitoria do país africano contra os porto-riquenhos.
É a terceira vez que o Sudão do Sul participa de Jogos Olímpicos. Independente há apenas 19 anos, a nação é a mais nova do mundo e alcançou o feito após um referendo e lutas do Movimento de Libertação do Povo do Sul (SPLM, sigla em inglês).
O país é marcado por guerras civis e fragilidade política, econômica e militar. A luta pela independência gerou marcas nas forças armadas do país, divididas segundo linhas étnicas em grupos aliados a políticos. De acordo com a Agência da Organização das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), o Sudão do Sul tinha, dez anos depois da sua independência, a maior crise de deslocados da África: 2,2 milhões de pessoas fugiram para países vizinhos, como Etiópia, Sudão e Uganda.