03/08/2024 - 12:48
Polícia diz esperar mais violência para o fim de semana após esfaqueamento de três meninas. Episódio alimentou ressentimentos anti-imigração e anti-islã, com grupos anti-imigração por trás dos atos.O Reino Unido se prepara para um final de semana caótico e violento com diversos protestos e contra-manifestações previstas na esteira de um ataque a faca no início da semana que matou três meninas. O episódio, que foi cercado por desinformação, tem alimentado sentimentos anti-islã e anti-imigração.
Nesta sexta-feira (02/08), o país viveu sua terceira noite de tumulto após protestos em Sunderland, no norte da Inglaterra, degringolarem. O centro da cidade foi vandalizado e prédios e veículos, incendiados. Três policiais tiveram que ser levados ao hospital, e oito pessoas foram presas por crimes como desordem violenta e roubo.
Para o final de semana, o Reino Unido deve ter outros cerca de 30 protestos – a maioria organizados por grupos de extrema direita –, segundo a emissora Sky News. Manifestações contrárias de movimentos antirracistas também são esperadas.
Na sexta-feira, em Sunderland, veículos locais noticiaram que parte dos manifestantes estava com o rosto coberto. Jovens atiraram tijolos e objetos contra policiais e dispararam fogos de artifício, entrando em confronto com os agentes do lado de fora de uma mesquita, de onde se ouviram insultos contra o Islã e mensagens de apoio a Tommy Robinson, um ativista de extrema direita.
Segundo o deputado de Sunderland Lewis Atkinson, pode haver uma ligação entre a desordem e os remanescentes da Liga de Defesa Inglesa (EDL), fundada em 2009 por Robinson, mas que desde então foi dissolvida. Os apoiadores da EDL continuam ativos.
Um protesto semelhante contra a imigração e uma contramanifestação também foram registrados na cidade de Liverpool, no noroeste da Inglaterra, perto de uma das mesquitas da cidade.
A Secretária do Interior do Reino Unido, Yvette Cooper, prometeu que os manifestantes “pagariam o preço por sua violência e brutalidade” e pediu à polícia para “garantir que enfrentem toda a força da lei”.
Tumultos ocorrem desde esfaqueamento em Southport
Os protestos no Reino Unido começaram após o ataque a faca em um estúdio de dança em Southport, cidade litorânea no noroeste da Inglaterra.
Três crianças morreram e outras dez pessoas ficaram feridas no episódio – das quais oito também são crianças.
O suspeito, Axel R., é um rapaz de 17 anos e filho de imigrantes. Ele foi enviado a um centro de detenção juvenil e comparecerá ao tribunal em outubro.
Desde o ataque, pululam em perfis de extrema direita nas redes sociais falsas alegações de que o suspeito seria um refugiado que chegou ao Reino Unido de barco. Axel, porém, nasceu no Reino Unido.
Protestos violentos eclodiram nos dias seguintes em Southport, em Hartlepool e em Londres.
Nesta sexta-feira, o recém-empossado primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, visitou Southport pela segunda vez e se reuniu com lideranças locais. O líder trabalhista prometeu uma nova resposta “nacional” à desordem, ligando as forças policiais de todo o país por meio de inteligência compartilhada e do uso ampliado de reconhecimento facial.
As forças policiais em todo o país disseram estar preparadas para mais manifestações de extrema direita e contramanifestações durante o fim de semana.
Mesquitas em todo o país também estão em estado de alerta, segundo o Conselho Muçulmano da Grã-Bretanha.
ra/le (AFP, dpa, Reuters, ots)