Resultado é “mais um motivo” para cessar-fogo, diz ONU. Nova rodada de negociações começou nesta quinta-feira. Mahmoud Abbas, líder palestino na Cisjordânia, promete visita a território arrasado pela guerra.Os Estados Unidos saudaram um “início promissor” nas negociações para um cessar-fogo no conflito entre Israel e o grupo radical islâmico Hamas, que tiveram início no Catar, nesta quinta-feira (15/08), mesma data em que o número de mortos no território palestino sitiado ultrapassou 40 mil, segundo o Ministério da Saúde de Gaza.

Segundo o Secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, o resultado é “mais um motivo” para um cessar-fogo imediato. O Ministério da Saúde, que não diferencia entre vítimas civis e combatentes, disse que a contagem incluía 40 mortes nas últimas 24 horas em Gaza. Cerca de 92,4 mil ficaram feridas até agora no conflito, informou o órgão subordinado ao Hamas.

Já os militares israelenses calculam que mataram “mais de 17 mil” no enclave palestino desde o início da guerra desencadeada pelo ataque terrorista do Hamas a Israel, em 7 de outubro. O mês de agosto ficou marcado pela morte do número 2 do Hamas em Gaza, Mohammed Deif, durante um bombardeio israelense, e por um ataque a uma escola no território palestino que deixou 90 mortos.

Negociações travadas

As conversas em Doha, no Catar, envolvem, além dos Estados Unidos, uma delegação do Egito e de Israel para negociar uma interrupção no conflito, que vive uma nova escalada.

Osama Hamdan, porta-voz do Hamas, disse que o movimento não participou da reunião, mas que apenas aceitaria negociar os termos de um plano de trégua proposto no final de maio pelo presidente dos EUA, Joe Biden.

No plano de três fases, o Hamas libertaria dezenas de reféns capturados no ataque de 7 de outubro, em troca de um cessar-fogo duradouro, a retirada das forças israelenses de Gaza e a libertação de palestinos presos por Israel.

Ambos os lados concordaram em princípio com a proposta apresentada por Biden, mas o Hamas rejeitou novas exigências de Israel, que incluem uma presença militar duradoura ao longo da fronteira com o Egito e com Gaza, onde os palestinos que retornam às suas casas seriam revistados.

Até o momento, houve apenas uma trégua no conflito, em novembro, quando o Hamas libertou 105 reféns capturados no ataque de 7 de outubro, em troca de 240 prisioneiros palestinos mantidos em prisões israelenses.

Abbas diz que irá visitar Gaza

Discursando em uma sessão extraordinária do Parlamento da Turquia, o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, prometeu nesta quinta-feira (15/08) visitar Gaza e Jerusalém para protestar contra a guerra no enclave.

Na ocasião, Abbas acusou os Estados Unidos de prolongar a “catástrofe” ao apoiar Israel e vetar resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

“Decidi ir com os membros da Autoridade Palestina para a Faixa de Gaza. Farei todos os esforços para que para que todos nós possamos estar com nosso povo para impedir essa agressão bárbara, mesmo que isso custe nossas vidas”, disse.

gq/ra (afp, ap, reuters)