Uma ICC (Interface Cérebro-Computador) desenvolvida pela Universidade da Califórnia em Davis, nos EUA, traduz sinais cerebrais em fala com até 97% de precisão. Os sensores foram capazes de devolver a capacidade de proferir palavras a um homem que sofre com ELA (Esclerose Lateral Amiotrófica). O estudo foi publicado no “New England Journal of Medicine” na quarta-feira, 14.

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De acordo com a Universidade da Califórnia em Davis, a ELA é uma condição degenerativa que afeta as células nervosas controladoras do movimento do corpo, levando a uma perda gradual da capacidade de ficar em pé, andar e usar as mãos, além de também afetar as cordas vocais, impedindo uma fala compreensível.

Durante o estudo, foi realizado um teste com Casey Harrell, de 45 anos, que convive há cinco anos com a doença. Na ocasião, o homem, que tinha uma fala de difícil compreensão e não possuía fraqueza nos braços e pernas, foi capaz de se comunicar com amigos, familiares e cuidadores. O equipamento transforma sinais cerebrais em texto para um computador ler e pronunciar em voz alta.

O desenvolvimento de ICCs que lêem sinais cerebrais a partir de um método de machine-learning, que consiste em erros e acertos, acaba por ser lento e propenso a falhas. Apesar disso, o sistema da Universidade da Califórnia em Davis foi capaz de possibilitar o paciente de pronunciar um vocabulário de 50 palavras com 99,6% de eficácia em 30 minutos logo no primeiro teste.

Já na segunda sessão, o vocabulário potencial aumentou para 125 mil palavras, com 90,2% de eficácia em um período apenas uma hora e meia maior. Após mais coletas de dados, os acertos do equipamento continuaram em uma média de 97,5%.

O ICC funciona com eletrodos posicionados no giro pré-central esquerdo do cérebro, responsável por orquestrar a verbalização. “Não poder se comunicar é muito frustrante e desmoralizante. É como se você estivesse preso. Essa tecnologia vai ajudar pessoas a retornarem às suas vidas e à sociedade”, declarou Casey Harrell por meio do equipamento.