Manifestações contra autoproclamada reeleição de Nicolás Maduro ocorrem nas Américas, Europa, Ásia e Austrália, enquanto aumenta pressão internacional para que governo de Maduro divulgue atas das eleições.Milhares de pessoas saíram às ruas em diversas cidades ao redor do globo neste fim de semana para pressionar o governo da Venezuela a divulgar os resultados das eleições presidenciais de julho, após o presidente, Nicolás Maduro, se autodeclarar vencedor do pleito. A oposição, por sua vez, defende a vitória do candidato antigoverno Edmundo González Urrutia.

Os organizadores afirmam que os protestos ocorreram em mais de 300 cidades, dentro e fora da Venezuela, com participação massiva da comunidade no exílio, estimada em 7,7 milhões de pessoas.

Do Canadá a Argentina, passando por Tóquio e Sidney, as manifestações deste sábado (17/08) ocorreram em um momento de grande tensão política no país sul-americano.

A oposição denuncia fraude eleitoral nas eleições, nas quais a maioria dos venezuelanos que vivem no exterior não puderam participar em razão de entraves burocráticos, sendo esta uma das maiores queixas dos opositores de Maduro.

Os protestos ao redor do globo foram convocados pela maior aliança de oposição na Venezuela, a Plataforma de Unidade Democrática (PUD) liderada por María Corina Machado, para exigir transparência do governo venezuelano quanto ao resultado da votação.

Brasil, Colômbia e México pressionados

No Brasil, na Colômbia e no México, muitos dos que protestaram em solidariedade aos venezuelanos criticam os posicionamentos de seus governos sobre a crise na Venezuela, apesar das tentativas de mediação em busca de uma saída pacífica para a crise.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sugeriu a realização de novas eleições na Venezuela como solução para o impasse no país vizinho. Os presidentes dos Estados Unidos, Joe Biden, e da Colômbia, Gustavo Petro, saíram em defesa da proposta.

A venezuelana Lorena Lara, que vive há 14 anos no Brasil, avalia que a sugestão de Lula, porém, “não faz sentido”, uma vez que as eleições já se realizaram dentro das regras do governo de Maduro, sem que ele apresentasse os resultados do Conselho Nacional Eleitoral que comprovassem sua vitória.

Já o México, que até bem pouco tempo integrava um grupo com Brasil e Colômbia para tentar negociar uma saída para a crise na Venezuela, rechaçou a proposta de novas eleições. O presidente Andrés Manuel López Obrador disse não considerar a ideia “prudente”.

“Vamos ver o que o tribunal [Supremo Tribunal de Justiça, acionado por Maduro] decide. Não acho prudente que nós de fora, um governo estrangeiro, seja quem for, possamos dar opinião sobre algo que deve ser resolvido pelos venezuelanos”, declarou Obrador em entrevista coletiva.

Países da UE e OEA pedem transparência

As manifestações também ocorreram neste fim de semana no, Chile, Peru, Canadá e na França. Na Espanha, onde vivem aproximadamente 280.000 venezuelanos, milhares de pessoas protestaram em várias cidades. Em Madrid, um ato público lotou a famosa praça Puerta del Sol, na região central da capital espanhola.

A maior surpresa ocorreu em Caracas, o epicentro dos protestos, com a reaparição de María Corina Machado em meio a milhares de manifestantes, depois de passar vários dias “em resguardo”, temendo por sua segurança.

Machado, que havia sido impedida pela Justiça controlada pelo regime de concorrer à presidência, garantiu no início do mês que havia meios para provar uma “vitória esmagadora” de González Urrutia nas eleições presidenciais.

A Organização dos Estados Americanos (OEA) aprovou nesta sexta-feira uma resolução em que exige que o governo de Nicolás Maduro publique as atas com o resultado da votação. O Conselho Permanente da organização aprovou o texto com o consenso de 26 países membros que votaram na reunião extraordinária realizada na sede da OEA em Washington, incluindo o Brasil.

Também nesta sexta-feira, um grupo de 22 países da União Europeia (UE) pediu a “imediata publicação de todas as atas originais” das eleições venezuelanas e a verificação “parcial e independente” dos resultados.

rc (AFP, EFE, ots)