Em 31 de agosto de 1928, estreou em Berlim a “Ópera dos três vinténs”, de Kurt Weill e Bert Brecht. Apesar de ser uma adaptação da “Beggar’s Opera”, de John Gay, foi esta versão que tornou a obra conhecida no mundo todo.Em 1927, o autor dramático, poeta lírico e narrador alemão Bertolt Brecht propôs a Kurt Weill escrever a música para o libreto de Die Dreigroschenoper (A ópera dos três vinténs). Brecht baseou-se numa tradução de Elisabeth Hauptmann, da Beggar’s opera (Ópera do mendigo), na qual, em 1728, John Gay havia feito um retrato satírico da classe dominante inglesa.

Inspirados nos gêneros opereta e comédia musical, Brecht e o até então desconhecido Weill contaram a história de Mackie Messer e seu amor por Polly, a filha do inimigo J.J. Peachum,. Este, mais conhecido por Rei dos Mendigos, vestia sua gangue como deficientes ou mendigos e os mandava pedir esmolas. Mackie, por seu lado, defendia uma linha mais dura, explorando assaltos e prostituição.

Sucesso até 1933

Nem libreto, nem música estavam prontos na véspera da estreia, de forma que todos apostavam no seu fracasso. O nome da obra foi decidido poucos minutos antes de se abrir a cortina. O texto definitivo só ficou pronto em 1931. Apesar disso, o sucesso foi estrondoso, tanto na Alemanha como no exterior – até 1933, quando os nazistas tiraram a peça de cartaz.

Em pouco tempo, números como a Balada da boa vida, que Mackie canta na prisão, ou a Canção da dependência sexual, da senhorita Peachum, adquiriram caráter popular. Além disso, Brecht conseguiu mexer com o público, levando-o a refletir.

No final do segundo ato, por exemplo, o elenco discute a condição humana: “Num mundo como este, o homem, para sobreviver, tem de suprimir a sua humanidade e explorar o seu semelhante”.

Brecht criticava as disparidades sociais da sua época: “Quero fazer um teatro com funções sociais bem definidas. O palco deve refletir a vida real. O público deve ser confrontado com o que se passa lá fora para refletir como administrar melhor sua vida”, dizia o autor.