Encarregado especial do governo alemão acusa Rússia e Belarus de usarem migração para a UE como arma em sua “guerra híbrida”, e sugere enviar refugiados para Ruanda, nos moldes de plano que fracassou no Reino Unido.Em meio ao intenso debate sobre a política de deportação de migrantes do governo federal, o comissário especial da Alemanha para acordos de migração, Joachim Stamp, discutiu a possibilidade de deportar para Ruanda as pessoas que tenham dificuldades de serem encaminhadas de voltar a seus países de origem.

Em entrevista ao podcast Table.Briefings, nesta quinta-feira (05/09), Stamp afirmou que os migrantes sírios, afegãos e de outras nacionalidades que chegam à Alemanha vindos da Rússia e Belarus poderiam ser enviados ao país na África Oriental. As leis alemãs, porém, apenas permitem que isso ocorra em casos específicos.

Ele considera o fluxo de migrantes desses dois países como parte da “guerra híbrida” levada a cabo pelo líder russo, Vladimir Putin, e seu colega belarusso, o ditador Alexander Lukashenko, contra o Ocidente.

Para Stamp, os dois líderes “enviam propositalmente os migrantes através da fronteira Leste da União Europeia (UE)”. Isso, segundo diz, seria parte de um complô para atrair migrantes da Síria, Afeganistão e Iraque para a Europa através de Minsk e Moscou.

Stamp, que pertence ao Partido Liberal Democrático (FDP), avalia que o governo alemão “pode utilizar estruturas já existentes que haviam sido originalmente preparada para os britânicos” em Ruanda.

Diferentes governos no Reino Unido tentaram selar um acordo para enviar um grande número de migrantes para Ruanda. O plano, porém, foi declarado ilegal pela Suprema Corte do país e acabou sendo eliminado de vez logo após o início do governo do primeiro-ministro trabalhista Keir Starmer.

Prioridade para o governo alemão

Stamp fez a ressalva de que, para tal, a Alemanha teria de retificar algumas de suas leis de deportação. Atualmente, os migrantes apenas podem ser deportados para um país terceiro se tiverem alguma conexão com esse país, como parentes ou familiares que lá vivem.

O tema das deportações está no centro do debate político na Alemanha desde o ataque a faca que deixou três mortos na cidade de Solingen. O agressor era um requerente de refúgio sírio cuja deportação já estava programada.

Alguns dos entraves às deportações para países como Afeganistão ou Síria é o fato de que essas nações devem estar dispostas a receber de volta seus cidadãos e, ao mesmo tempo, serem consideradas como países seguros.

Na esteira do ataque em Solingen, o chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, prometeu introduzir até dezembro novas leis para acelerar a expulsão do país das pessoas que tiverem seus pedidos de asilo negados.

rc (DPA, ots)