Em um feito inédito, uma equipe do UMMC (Centro Médico da Universidade de Maryland), nos Estados Unidos, fez uma abertura no olho de uma paciente para retirar um tumor que afetava sua coluna vertebral, conforme comunicado divulgado pela instituição em 6 de maio. Karla Flores, de 19 anos, havia sido diagnosticada com cordoma, um tipo de tumor maligno raro que atinge os ossos.

De acordo com o “New York Post”, Karla apresentou os primeiros sinais da enfermidade aos 18 anos, quando começou a sofrer com visão dupla, sendo diagnosticada meses depois. Apenas 300 casos de cordoma são registrados nos EUA todos os anos.

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Segundo Mohamed Labib, neurocirurgião do UMMC, o tumor estava enrolado na coluna e na medula da paciente, tendo invadido as vértebras do pescoço logo abaixo do crânio. “Os principais riscos [da cirurgia] eram ferir o tronco cerebral, a medula espinhal, ou os principais vasos sanguíneos com os instrumentos que usamos”, pontuou o médico, acrescentando que uma lesão na região poderia resultar em paralisia ou morte da paciente.

De acordo com o médico, apesar dos riscos, o cordoma continuaria a crescer sem o procedimento e colocaria pressão na coluna de Karla, o que poderia levar a paralisia dos braços e pernas da paciente.

Na cirurgia, os médicos estabeleceram um “corredor cirúrgico” através da órbita ocular de Karla que os permitia alcançar a medula espinhal. “Foi um ‘tiro’ certeiro. […] Conseguimos remover um tumor que, de outra forma, seria muito difícil e muito arriscado de tratar.”

O tumor foi retirado por meio de uma abertura no olho da paciente (Crédito: Divulgação/University of Maryland Medical Center)

Para que o procedimento fosse realizado, o cirurgião plástico Kalpesh Vakharia cortou a conjuntiva — membrana que protege o olho — na pálpebra inferior. Posteriormente, a parte de baixo da órbita ocular foi removida, assim como uma área da maçã do rosto.

“Queríamos desenvolver um plano cirúrgico onde não houvesse cicatrizes externas e fosse impossível dizer que a paciente foi submetida a uma cirurgia”, declarou Vakharia. Após o tumor ser removido pela abertura, o cirurgião plástico reconstruiu as partes removidas do rosto de Karla com uma placa de titânio e um osso do quadril da paciente.

Antes do procedimento, Labib utilizou cadáveres “muitas e muitas vezes” para praticar a cirurgia. “O fato de pessoas estarem dispostas a doar seus corpos para a ciência permitiu que fizéssemos isso e salvou a vida desta jovem”, ressaltou.

A paciente também era afetada por outro tumor ao redor do tronco cerebral, que causou alguns danos em seus nervos e prejudicou o movimento do seu olho esquerdo. O tumor foi removido por meio de procedimentos separados no crânio e no nariz. Karla deverá passar por radioterapia para eliminar células cancerígenas restantes. A jovem planeja se tornar uma manicure.