24/09/2024 - 14:41
Mulher morreu após usar cabine que permite morte por hipóxia. País autoriza eutanásia, mas procedimento precisa ser assistido por médicos.Várias pessoas foram presas na Suíçadepois de uma mulher usar uma “cápsula de assistência ao suicídio” em uma área de floresta no município de Merishausen. O dispositivo funciona como uma espécie de cabine que permite que uma pessoatire a própria vida sem a ajuda de um médico, informou a polícia na terça-feira (24/09).
O equipamento, chamado de Sarco, é uma pequena cabine na qual a pessoa que deseja acabar com sua vida entra e responde a uma série de perguntas para confirmar que entende o que está fazendo antes de pressionar um botão que libera nitrogênio, causando morte por hipóxia.
+ Como funciona a primeira cápsula de suicídio assistido
A pessoa perde a consciência após algumas respirações e morre em poucos minutos. As informações são da própria associação que promove a cápsula.
A promotoria pública foi informada na segunda-feira por um escritório de advocacia que “um suicídio assistido usando a cápsula Sarco havia ocorrido à tarde”, disse em um comunicado.
“O escritório da promotoria pública de Schaffhausen abriu um processo criminal contra várias pessoas por incitar e auxiliar o suicídio, e várias pessoas foram presas”, afirmou.
De acordo com a mídia suíça, é a primeira vez que esse dispositivo é usado. “A cápsula de suicídio foi confiscada e [o corpo da] falecida foi levado para uma autópsia”, disse a polícia.
Cápsula foi apresentada ao público em julho
Em julho, a cápsula foi apresentada pela primeira vez na Suíça, o que gerou discussões éticas. No país, o suicídio assistido é permitido há décadas, mas apenas com a supervisão de um médico.
A organização The Last Resort, que promove o equipamento, diz não ver obstáculo legal para seu uso na Suíça. Em uma declaração à AFP, a associação disse que a pessoa que morreu era uma mulher americana de 64 anos, que sofria de problemas associados a um “comprometimento imunológico grave”.
A ministra do conselho federal da Suíça, Élisabeth Baume-Schneider, porém, defendeu que “a cápsula suicida Sarco não está em conformidade com a lei em dois aspectos”. Segundo ela, o equipamento não atende requisitos da lei de segurança de produtos e, portanto, não pode ser colocada no mercado.
“Em segundo lugar, o uso correspondente de nitrogênio não é compatível com o artigo de finalidade da Lei de Produtos Químicos”, disse ela.
Testada em uma oficina em Roterdã, na Holanda, a Sarco foi inventada por Philip Nitschke, um ativista do que chama de “direito de morrer”.
Em um comunicado, Nitschke disse que estava “satisfeito com o fato de a Sarco ter funcionado exatamente como foi projetada”.
(dw, afp, reuters)