Por que o europeu fuma tanto? Alguém com um cigarro na mão é uma imagem comum no continente. E ela não passa uma impressão errada. As pessoas na Europa fumam demais mesmo. É a segunda região do mundo no ranking de tabagismo da Organização Mundial da Saúde.

Em parte, por décadas de estímulo da publicidade, hoje fora do rádio e da TV. Mas de alguma forma presente nas mídias sociais. Um espaço difícil de fiscalizar.

“Os países que têm políticas em vigor que proíbem a propaganda por meio da mídia social, que é bastante popular e usada pelo setor, têm muita dificuldade para monitorar e aplicar essas medidas”, diz Angela Ciobanu, da OMS.

A União Europeia também é um território com diretrizes aplicadas de formas diferentes por governos do bloco.

Na Alemanha, por exemplo, dependendo do estado, da cidade, e até do tamanho do bar ou restaurante, não é errado fumar nas áreas externas. Tem bar que permite até fumar em áreas fechadas, como muitos em Berlim.

Na Suécia, é bem diferente. Lá não pode fumar nem em pontos de ônibus, plataformas de trens, entradas de lojas – e vale para cigarros eletrônicos.

“Há alguns países que adotam medidas parciais e, se houver medidas parciais, elas são violadas com frequência”, acrescenta Angela Ciobanu.

Não dá para desconsiderar o aspecto cultural. Fruto do contato dos europeus com os povos originários das Américas. Foram eles os responsáveis por apresentar o tabaco à Europa, que transformou a planta num símbolo de sedução, força e riqueza.

“O cigarro na Europa tem uma coisa assim, está muito associado a cafés. Na França, por exemplo, um café tem uma relação com o cigarro. [Muitos acham que] fica bonito sentar num café e fumar. Então, assim, a questão cultural existe, e ela não é contraposta por uma política consistente de controle do tabaco”, conta Valeska Figueiredo, da Fiocruz.

Na União Europeia, 700 mil mortes por ano estão relacionadas ao tabagismo. O bloco recomendou recentemente até que os Estados-membros proíbam o uso dos cigarros convencionais e eletrônicos em ambientes externos. A ideia é criar uma geração livre do fumo. Um hábito nocivo associado a câncer e doenças cardiovasculares.

“Um mundo sem tabaco vai ser muito melhor do ponto de vista da saúde, do ponto de vista econômico, do ponto de vista do bem-estar do produtor, e do ponto de vista de toda a população que não iria consumir esse produto tão prejudicial à saúde”, conclui Valeska Figueiredo.