09/10/2024 - 16:19
Todas as dez plaquetas de latão que lembravam antigos moradores de Zeitz deportados no Holocausto foram arrancadas das calçadas da cidade. Incidente ocorreu por volta do aniversário do ataque de 7/10 contra Israel.Todas as pedras adornadas com plaquetas lembrando moradores da cidade de Zeitz, no Leste da Alemanha, que foram vítimas do Holocausto foram aparentemente arrancadas das calçadas da localidade, afirmaram autoridades locais nesta segunda-feira (08/10).
As “pedras de tropeço”, chamadas de stolpersteine em alemão, podem ser encontradas em toda a Alemanha e em outros lugares da Europa e até fora do continente. Elas são pequenas placas de latão, geralmente de 10 por 10 centímetro, afixadas sobre paralelepípedos de concreto, que são colocadas na calçada em frente da última moradia de vítimas do regime nazista.
Essas placas são inscritas com os nomes das vítimas, assim como o que se sabe sobre seus destinos.
Em Zeitz, as autoridades locais notaram na segunda-feira (07/10) que todas as 10 “pedras de tropeço” da cidade estavam faltando. Aquele dia também marcou o primeiro aniversário da ofensiva terrorista de 7 de outubro contra Israel.
Um porta-voz da cidade disse que uma queixa criminal foi registrada na polícia, que está investigando o crime, assim como possíveis motivações políticas extremistas.
De acordo com a polícia, acredita-se que as “pedras de tropeço” tenham sido roubadas durante a madrugada de domingo para segunda-feira, embora a última vez que as pedras foram vistas em seu lugar, encravadas no calçamento, tenha sido na sexta-feira.
Zeitz é uma cidade com pouco mais de 30 mil habitantes.
O ato é “imperdoável e jamais desculpável”, escreveu Götz Ulrich, administrador do distrito de Burgenland, que inclui Zeitz. “Qualquer pessoa que faça isso também quer tirar o Holocausto de nossa cultura de memória”.
Artista promete substituir plaquetas
Gunter Demnig, o artista alemão que iniciou o esforço para colocar “pedras de tropeço” em todo o país e que instalou pessoalmente muitas das placas disse que já houve repetidos incidentes de roubo.
Até o momento, cerca de 112 mil stolpersteine foram colocadas em 32 países do mundo desde 1996. De acordo com Demnig, cerca de 900 foram roubadas.
Ele apontou dois incidentes que ocorreram por volta do aniversário dos Pogroms de Novembro, também conhecidos como “Noite dos Cristais”, executados pelos nazistas contra os judeus alemães em 9 de novembro de 1938.
Em 2012, todas as “pedras de tropeço” na cidade de Greifswald foram roubadas e, há sete anos, pelo menos 16 “pedras de tropeço” foram roubadas no bairro de Neukölln, em Berlim.
Demnig disse que vê uma clara conexão entre o aniversário do 7 de Outubro e o roubo das “pedras de tropeço” em Zeitz.
Mas ele disse que os buracos na calçada não permanecerão por muito tempo e prometeu substituir as pedras de tropeço que faltam e colocá-las em Zeitz o mais o mais rápido possível.
A iniciativa Stolpersteine for Zeitz, um grupo de moradores locais formado em 2006 com objetivo de colocar as pedras na cidade, convocou para uma caminhada na próxima semana a todos os dez locais de onde os pequenos memoriais foram arrancados.
Nas últimas décadas, o projeto das “pedras de tropeço” se tornou o maior memorial descentralizado do mundo, e envolve voluntários, estudantes, escolares e familiares de vítimas do Holocausto.
As pedras homenageiam as vítimas do regime de Hitler, tanto os assassinados em Auschwitz e outros campos, como também os sobreviventes e os que escaparam, fugindo para territórios palestinos, Estados Unidos e outras partes do mundo.
A grande maioria homenageia vítimas judias, mas também existem placas para membros das etnias nômades sinti e roma, para dissidentes ou mortos nos programas de eutanásia em massa, assim como para os que os nazistas tachavam de “associais”.
md (DPA, ots)