14/10/2024 - 9:08
A SpaceX conseguiu, neste domingo, 13, realizar uma manobra espetacular: recuperou o propulsor de seu megafoguete Starship após um voo de teste de quase nove minutos, um feito que pode ser decisivo para a reutilização deste pesado lançador.
Antes que o propulsor, chamado Super Heavy, tocasse o chão ao retornar à plataforma de lançamento, braços mecânicos instalados na torre, apelidados de “palitos”, se fecharam sobre o dispositivo e o imobilizaram, de acordo com um vídeo divulgado pela empresa do bilionário Elon Musk.
Confira:
“Amigos, este é um dia para os livros de história da engenharia”, disse um porta-voz da SpaceX durante a transmissão ao vivo da empresa, após o propulsor ser capturado e a equipe de controle celebrar o feito.
“A torre capturou o foguete”, publicou Musk na rede social X.
A decolagem ocorreu às 7h25 locais (9h25 de Brasília), aproveitando as condições de um dia claro. Enquanto o propulsor retornou à plataforma de lançamento, a parte superior do Starship caiu no oceano Índico uma hora depois.
Em junho, a empresa já havia conseguido pela primeira vez um amerissagem sem contratempos neste mesmo oceano em outro voo de teste.
O objetivo era que as duas partes do foguete – o maior e mais potente do mundo – fossem recuperadas e reutilizadas após cada voo, com o que a SpaceX busca lançar mais foguetes, mais rápido e a menor custo.
A empresa de Musk tem como meta usar o Starship para colonizar Marte, e o desempenho dessas naves é acompanhado de perto pela Nasa, que conta com este programa para levar seus astronautas à Lua.
O foguete é composto pela fase chamada Super Heavy, que mede cerca de 70 metros, e em cima dela está a nave do Starship, somando um total de 120 metros.
Oportunidade de sucesso
“Os engenheiros da SpaceX passaram anos preparando a tentativa de captura”, escreveu a empresa antes do lançamento.
“Dezenas de milhares de horas” foram dedicadas à “instalação da infraestrutura necessária para maximizar nossas oportunidades de sucesso”, acrescentou.
Por sua vez, o Starship amerissou no oceano Índico por volta das 10h30 de Brasília, repetindo o sucesso de um voo de teste realizado há quatro meses.
As imagens transmitidas ao vivo pelas câmeras da nave mostraram uma camada de plasma alaranjado em seu retorno do espaço, devido à fricção com a atmosfera. As peças haviam se desprendido por causa da pressão.
Desde então, a SpaceX declarou que realizou uma “revisão completa do escudo térmico” da nave, utilizando ladrilhos de “nova geração”.
Controvérsias
A SpaceX está desenvolvendo o foguete Starship a toda velocidade e lançando protótipos sem carga para corrigir rapidamente quaisquer problemas que surjam em situações reais de voo.
Nas últimas semanas, a empresa se queixou abertamente da lentidão do órgão regulador da aviação americana (FAA), responsável por autorizar os voos.
“Leva mais tempo para completar a papelada necessária para obter uma licença para lançar um foguete do que para projetar e construir o próprio hardware”, reclamou a empresa em um comunicado de imprensa incomum e extenso em setembro.
Musk, que apoia o republicano Donald Trump nas eleições presidenciais de 5 de novembro nos Estados Unidos, pediu a renúncia do chefe da FAA.
A SpaceX também enfrenta acusações de poluição ambiental, especialmente relacionadas ao dilúvio de água que é despejado durante cada lançamento do Starship, quando os motores são acionados, a fim de atenuar as ondas acústicas e limitar as vibrações.
Este sistema foi adicionado após o primeiro voo de teste, em abril de 2023, ter destruído parte da plataforma de lançamento sob a força da decolagem, catapultando destroços e uma nuvem de poeira.
Várias associações ecológicas denunciam os danos causados pelas operações da SpaceX às espécies animais, uma vez que a base espacial está instalada bem ao lado de uma reserva protegida.