A descoberta do imenso buraco negro que emite jatos de plasma e radiação foi feita por uma equipe de astrônomos que, segundo a revista Nature, usaram o Lofar – rede de antenas de rádio europeia – para observar o fenômeno. Quando disparados em direções opostas, os dois jatos representam o maior raio já visto no céu profundo, equivalente à largura de 140 vias lácteas. Os pesquisadores o batizaram de Porfírio, nome que remete a um dos gigantes mais poderosos da mitologia grega.

Essas emissões de buracos negros são parte dos fenômenos mais energéticos do universo, eles são formados por fluxos de matéria e energia poderosos, geralmente localizados no centro de galáxias ativas e compostos de plasma (gás no qual os átomos perderam ou ganharam elétrons), além de emitirem radiações na frequência da faixa de rádio.

Martijn Oei, um dos autores e pós-doutorando do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech) explicou que sua equipe iniciou os trabalhos com o Lofar em 2018. Seu objetivo inicial era a análise das teias cósmicas, mas durante o estudo eles notaram diversas emissões com tamanhos significativamente longos. A descoberta indicou que a megaestrutura é de uma época em que o Universo tinha 6,3 bilhões de anos – metade do que tem atualmente, 13,8 bilhões.

Para alcançar a galáxia hospedeira de Porfírio eles usaram o Grande Telescópio Metrewave de Rádio (GMRT) na Índia, e o Instrumento Espectroscópico de Energia Escura (DESI) nos Estados Unidos. “Ao bombear elétrons, núcleos atômicos e campos magnéticos para o meio intergaláctico, esses fluxos energéticos afetam a distribuição de matéria e magnetismo na teia cósmica”, afirma Oei.

Até descobertas modernas se imaginava que jatos gigantes eram acontecimentos do universo recente, mas a revelação de Porfírio e sua data de origem rebatem essa afirmação, abrindo portas para novas análises sobre ocorrências.

Pela instalação WM Keck – dois observatórios gêmeos no topo do vulcão Mauna Kea, no Havaí, o Porfírio vem de um buraco negro ativo em modo radiativo, o que indica que ele está emitindo energia na forma de radiação eletromagnética e não em jatos reais.

Os próximos estudos de Oei pretendem entender melhor como ele funciona e afeta as estruturas em seu raio de influência. “Onde ele começa? Esses jatos gigantes espalham magnetismo pelo cosmos?“, são as perguntas centrais para a continuação. O principal objeto da pesquisa será o magnetismo, já que é ele que permite que a vida prospere na Terra, por isso o interesse em sua origem.