06/11/2024 - 18:08
Pesquisadores descobriram uma nova espécie de besouro errante que consegue criar um fantoche de cupim em suas costas, confundindo os reais insetos para usá-los como fornecedores de alimento. A réplica apresenta um caso de mimetismo – estratégia adaptativa em que um organismo pode se inserir e confundir seres de outra espécie – consegue ser tão precisa a ponto de espelhar fielmente os movimentos do inseto, além de apresentar três pares de pseudo apêndices que lembram antenas e pernas.
Estes besouros pertencem à família Staphylinidae e já são conhecidos no mundo animal por serem mestres no disfarce. Alguns têm a capacidade de imitar as formigas de correição, por exemplo, o que permite que eles caminhem ao lado delas e se alimentem de seus ovos. A nova espécie foi classificada como Austrospirachtha carrijoi e pode ser encontrada sob o solo no norte da Austrália.
Segundo os autores do estudo publicado no periódico Zootaxa, a cabeça real do besouro é muito menor e aparece abaixo de seu disfarce de cupim. A imitação auxilia na detecção de outros cupins – que por serem cegos se reconhecem pelo tato – e faz com que os besouros absorvam produtos químicos, chamados hidrocarbonetos cuticulares, dos cupins. Além disso, eles aprendem como produzir esse composto, tornando a fantasia ainda mais realista.
A evolução também possibilita que eles imitem o processo de fisogastria de um cupim – que consiste em aumentar o abdômen expressivamente por meio da remodelação dessa parte do corpo, fazendo com que a réplica fique ainda mais realista. Os especialistas acreditam que como as partes bucais da nova espécie são pequenas ele implora a seus hospedeiros por comida, ao invés de comer diretamente os ovos ou larvas. A técnica de alimentação dos cupins operários, a trofalaxia, apresenta grande vantagem para estes cupins. A prática começa pelos operários que fornecem para as outras castas comidas já digeridas. Se inserido dentro do ninho os besouros podem ser alimentados continuamente por esse serviço da outra comunidade.
