Um artigo publicado em 7 de novembro, na Revista Sustainable Environment, indica que a taxa de mortalidade de abelhas nos Estados Unidos tem aumentado significativamente, por causa do tráfego de carros. O estudo teve como objeto de análise a contagem de insetos mortos nas estradas norte-americanas e pela observação das paisagens florestais ao redor dos caminhos.

As abelhas são polinizadores essenciais para as plantas selvagens e plantações abrangentes – seu sumiço generalizado pode impactar diversos ecossistemas, inclusive o do ser humano. Apesar de serem presentes ao redor do mundo, elas apresentam maior diversidade em regiões áridas e campos abertos.

Joseph Wilson, ecologista evolucionista da Universidade Estadual de Utah, EUA, e coautor do artigo, contou que ele e seus colegas conduziram a investigação posicionando papel colante nos para-choques de veículos de médio porte, que dirigiam por alguns quilômetros na rodovia. Os testes foram feitos em estradas pavimentadas com velocidades mais baixas e em não pavimentadas, pela manhã já que as abelhas são conhecidas por estarem mais ativas nessa parte do dia.

A equipe de pesquisadores completou 29 viagens ao redor de Utah, na primavera e no verão, dirigindo por mais de 9.334 quilômetros – cada teste resultou em pelo menos uma morte do inseto, com diversos tipos diferentes. No resultados, a pesquisa estimou que um carro dirigindo entre Salt Lake City e Moab pode matar de 50 a 175 abelhas – se a conta for multiplicada pelos quase 94 mil carros que atravessam o percurso, o número se torna equivalente a milhões de fatalidades, segundo o Departamento de Transporte de Utah.  O valor total fez com que eles acreditem que se colocado em uma área teste ainda maior, o número de mortes do inseto pode acumular dezenas de milhões.

Wilson ressaltou que, mesmo que as estimativas dos resultados sejam baseadas em simplificações, o caso deve receber devida atenção, principalmente, pela importância dos insetos polinizadores para a sociedade como um todo. “Independentemente do número — se milhões ou bilhões — é um grande número de abelhas que estão sendo impactadas. Meu instinto diz que provavelmente estamos subestimando, porque toda vez que eu dirigia, eu batia em pelo menos uma abelha”, comentou o pesquisador no site da publicação.

Outra seção da investigação demonstrou que há maneiras de amenizar os casos de morte. Os insetos não costumam cruzar as estradas, a não ser que haja uma vegetação no interior central da rodovia, portanto a plantação de hábitats saudáveis ao longo dos lados das estradas movimentadas pode ser uma solução.