Crianças bilíngues não serão, necessariamente, adultos bilíngues. Estudos demonstram os vários benefícios de educar crianças com dois ou mais idiomas, como o desenvolvimento de habilidades cognitivas mais intensas.

Elas se tornam indivíduos com melhor poder de decisão e mais capacitados para resolver problemas. O bilinguismo também tem até o poder de retardar algumas doenças cerebrais.

“O bilíngue acaba tendo mais atividade cerebral, usando e exercitando mais algumas partes do cérebro. E, por isso, descobriu-se que pode retardar o Alzheimer e demência em até cinco anos”, afirma Janaina da Silva Cardoso, professora do Departamento de Letras Anglo-Germânicas da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj).

Os dois idiomas, aliás, ficam guardados e são processados de forma separada. Mas continuam interconectados e influenciam um ao outro.

“Além das vantagens cognitivas, o bilinguismo também proporciona o desenvolvimento social e o desenvolvimento emocional, porque ele permite que as pessoas se relacionem com indivíduos de outras culturas, de várias comunidades. E isso faz com que os bilíngues acabem demonstrando uma visão mais aberta do mundo, uma visão de maior flexibilidade social, de maior empatia”, diz Ingrid Finger, coordenadora do Laboratório de Bilinguismo e Cognição da UFRGS.

Só que isso não é nenhuma garantia de que essas crianças se manterão bilíngues durante a fase adulta. Dominar mais de uma língua quando adulto dependerá da exposição que essa pessoa terá a ambos os idiomas periodicamente.

Em muitos casos, o adulto pode acabar virando um bilíngue receptivo, que até entende uma segunda língua, mas é incapaz de usá-la direito.

“Não necessariamente uma criança bilíngue vai se tornar um adulto bilíngue, porque na verdade o bilinguismo é resultado de experiências de uso da língua. Se a criança é exposta a uma outra língua na primeira infância e ela não tem a oportunidade de praticar e usar essa língua durante o resto da sua vida, ela vai perder essas habilidades: ela vai perder as habilidades linguísticas e as habilidades cognitivas também. Assim como qualquer outra habilidade cognitiva, a gente precisa manter esse desenvolvimento”, conclui Ingrid Finger.