09/12/2024 - 18:20
A descoberta do Terastiodontosaurus marcelosanchezi, na Tunísia, revela a maior espécie de lagarto-verme que já habitou a Terra. A análise do fóssil, publicada no periódico Oxford Academic, indica que ele possuía hábitos únicos, uma mandíbula destruidora e uma especialização de 56 milhões de anos no consumo de caracóis.
O achado marca a revelação do maior membro conhecido de seu grupo biológico. Os vestígios de sua cabeça indicam que seu crânio media mais de cinco centímetros e que, ao contrário dos lagartos-verme modernos que vivem principalmente no subsolo, essa espécie passava maior parte de seu tempo na superfície devido a seu tamanho.
“Se os lagartos-vermes pudessem crescer tanto quanto cobras, então a nova espécie seria comparável à Titanoboa , que tem até 13 metros de comprimento – em outras palavras, significativamente maior do que seus parentes mais próximos. Acreditamos que o tamanho incomum do corpo esteja relacionado às temperaturas mais altas neste período da história da Terra”, explicou Krister Smith, coautor do estudo e pesquisador do Instituto de Pesquisa Senckenberg e do Museu de História Natural de Frankfurt.
As adaptações dentárias também chamaram atenção dos especialistas.A mandíbula do animal conta com estruturas poderosas e esmalte dentário especializado para proteção e durabilidade. A análise da arcada dentária foi realizada por tomografia microcomputadorizada e conseguiu documentar que sua mandíbula possui um dente enorme na parte superior e molares planos característicos.
“Visualmente, você pode imaginar o animal como um ‘verme da areia’ dos romances de ficção científica ‘Duna’ e sua adaptação para o cinema. Com base na estrutura dos dentes e no esmalte anormalmente espesso, podemos deduzir que os animais tinham enorme força muscular em suas mandíbulas”, disse Georgios L. Georgalis, autor principal do artigo e professor do Instituto de Sistemática e Evolução Animal da Academia Polonesa de Ciências.
“Agora podemos assumir que essa linhagem se especializou em se alimentar de caracóis há mais de 56 milhões de anos e conseguia quebrá-los sem esforço com suas mandíbulas poderosas. Essa estratégia de alimentação é, portanto, extremamente consistente – ela desafiou todas as mudanças ambientais e acompanha a linhagem até hoje”, completou Smith.
A investigação internacional foi liderada pelo Instituto de Sistemática e Evolução Animal da Academia Polonesa de Ciências, na Cracóvia, e contou com a parceria do Instituto de Pesquisa Senckenberg, o Museu de História Natural de Frankfurt, o Instituto de Ciência Evolutivas de Montpellier, o Museu Nacional de História Natural de Paris e o Escritório Nacional de Minas em Túnis.