30/12/2024 - 14:23
Um novo estudo indica que pacientes que receberam transplantes de órgãos diversos relatam mudanças em suas emoções, gostos, memórias e preferências. A revisão da análise original aponta que os fenômenos são mais comuns em receptores de coração, mas também aparecem em casos de pacientes que receberam rins e pulmões.
O estopim para a investigação foi o caso de um menino de nove anos que recebeu o coração de uma menina menor, que se afogou em uma piscina. Durante o processo médico, o receptor não tinha acesso a nenhuma informação sobre como seu doador morreu, mas a mãe da criança relatou que depois da adaptação ele desenvolveu um “medo mortal de água”.
Alguns artigos paralelos sugerem que esses episódios podem ocorrer porque o cérebro e o coração estão altamente conectados, compartilhando células e neurônios semelhantes. Além disso, grande parte dos transplantes pode fazer com que genes controladores de características se transformem e se adaptem à mudança fisiológica – alteração decorrente da transferência de memória celular, processo científico que ainda não é totalmente compreendido.
No entanto, alguns especialistas indicam que as ocorrências podem ser respostas psicológicas à recuperação de uma grande cirurgia. As análises mostram que os remédios do pós-cirúrgico podem alterar a forma como os pacientes lidam com algumas vontades. A preocupação prévia de herdar os traços dos doadores e o estresse do processo também podem levar a modificações comportamentais.
Em nota, a equipe de revisão do estudo em 2024 ressaltou que “mais pesquisas interdisciplinares são necessárias para desvendar as complexidades da transferência de memória, neuroplasticidade e integração de órgãos, oferecendo informações tanto sobre o transplante de órgãos quanto sobre aspectos mais amplos da neurociência e da identidade humana”.