Destroços da Starship caíram no Atlântico, atrasando voos sobre o Golfo do México e os planos do bilionário Elon Musk de ampliar sua presença no espaço.A espaçonave Starship explodiu no espaço minutos após o lançamento no Texas, na quinta-feira (16/01), forçando companhias aéreas a alterar voos sobre o Golfo do México para evitar o choque com destroços.

A SpaceX, do bilionário Elon Musk, havia conseguido novamente capturar, em seu retorno à Terra, o estágio propulsor de seu foguete Starship. O propulsor desceu e foi capturado com precisão por braços mecânicos instalados na torre de lançamento, uma descida arriscada, concluída pela segunda vez pela empresa desde outubro.

O compartimento superior da nave, contudo, explodiu, e seus pedaços caíram sobre o Atlântico. A SpaceX confirmou que sofreu uma “desmontagem rápida não programada” – eufemismo para se referir a uma explosão.

Destroços luminosos no céu foram vistos de longe, e o próprio Musk divulgou vídeos. Ele afirmou no X que a causa preliminar do incidente foi um vazamento de oxigênio e combustível e comentou: “O sucesso é incerto, mas o entretenimento é garantido!”

A nave não tinha tripulação e seu lançamento foi o sétimo teste de Starship desde 2023, no esforço de Musk para construir um foguete capaz de transportar seres humanos e cargas para Marte e viabilizar mais satélites na órbita da Terra.

Impacto no tráfego aéreo

Dezenas de voos comerciais foram desviados para outros aeroportos ou tiveram sua rota alterada em função da explosão, de acordo com o site de rastreamento de voos FlightRadar24. Houve atrasos ainda em voos dos aeroportos de Miami e Fort Lauderdale, na Flórida.

A Administração Federal de Aviação (FAA, da sigla em inglês), que regulamenta as atividades de lançamento privado, disse que reduziu a velocidade e desviou os aviões da área onde os detritos espaciais estavam caindo, mas as operações foram normalizadas minutos depois.

A FAA deve abrir uma investigação contra a Starship e examinar se algum dos destroços da explosão do foguete caiu em áreas povoadas ou fora da zona de risco predeterminada.

A última vez que um estágio superior da Starship falhou foi em março do ano passado, quando estava reentrando na atmosfera da Terra sobre o Oceano Índico, mas na ocasião não houve qualquer interferência no tráfego aéreo. A explosão de quinta ocorreu em uma fase da missão pela qual a SpaceX já havia voado.

A explosão aconteceu um dia depois que a Blue Origin, empresa espacial do bilionário Jeff Bezos, fundador da Amazon, lançou com sucesso seu foguete gigante New Glenn em órbita pela primeira vez.

Metas de Musk em xeque

O estágio superior da Starship, 2 metros mais alto do que as versões anteriores, era uma “nave de nova geração com atualizações significativas”, segundo descreveu a SpaceX antes do teste. Ela deveria fazer um pouso controlado no Oceano Índico cerca de uma hora após seu lançamento.

O acidente ameaça inviabilizar a meta de Musk de lançar pelo menos 12 testes da Starship este ano, dependendo da rapidez com que a SpaceX conseguir implementar as correções e se a FAA abrir uma investigação sobre o acidente.

O bilionário, que foinomeado para o cargo de chefe do novo Departamento de Eficiência Governamental americano pelo novo presidente Donald Trump, tem acusado a FAA de exagerar e tomar decisões com motivações políticas.

Musk pediu a renúncia do chefe da FAA, Mike Whitaker, em setembro, logo depois que a FAA multou a SpaceX e atrasou um de seus lançamentos.

sf (Reuters, AFP, AP)