Presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou em sua rede social que, caso não haja um acordo de paz em breve, irá impor sanções a Moscou e aliados.O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou nesta quarta-feira (22/01) impor novas sanções e tarifas contra a Rússia se seu homólogo russo, Vladimir Putin, não encerrar a guerra na Ucrânia.

“Se não chegarmos a um ‘acordo’, e logo, não terei outra opção a não ser aplicar altos níveis de impostos, tarifas e sanções a tudo o que for vendido pela Rússia aos Estados Unidos e a vários outros países participantes”, afirmou o chefe de governo americano em sua rede social.

A publicação começa em tom amigável, com Trump afirmando que não pretende “machucar” a Rússia, que ama o povo russo e sempre teve uma boa relação com Putin, puxando ainda a memória de que a Rússia ajudou os EUA na Segunda Guerra Mundial.

“Tendo isso dito, vou fazer à Russia, cuja economia está declinando, e ao presidente Putin, um grande FAVOR. Resolva agora e PARE essa guerra ridícula. ISSO SÓ VAI PIORAR.”, publicou, em caixa alta.

Trump afirma ainda que, se fosse presidente na época, a guerra iniciada em 24 de fevereiro de 2022 “nunca teria começado”. “Podemos fazer isso [pôr fim à guerra] do jeito fácil ou do jeito difícil – e o jeito fácil é sempre melhor.”

Não ficou claro quais outras penalidades Trump estaria considerando, já que os Estados Unidos, a União Europeia e outros países já impuseram várias sanções à Rússia e a políticos, empresários e militares do país desde que Moscou iniciou a invasão em grande escala na Ucrânia. Praticamente todos os produtos russos já estão proibidos de ser importados para os EUA – com exceção de uma pequena quantidade de fertilizantes, ração animal e maquinário.

Cem dias para encerrar a guerra

Durante sua campanha eleitoral, Trump chegou a dizer que acabaria com a guerra na Ucrânia em um só dia. No discurso de posse da segunda-feira, definiu-se como um “pacificador”. O enviado especial da Casa Branca à Ucrânia, Keith Kellogg, afirmou que o conflito poderá ser resolvido em 100 dias.

Há muito ceticismo sobre a viabilidade do plano do novo presidente, embora Moscou tenha sinalizado, após a declaração de Trump, que o momento pode ser favorável para negociações.

O vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Ryabkov, afirmou nesta quarta-feira que Moscou vê uma “pequena janela de oportunidade” para negociar acordos com Trump, embora não tenha falado especificamente da questão ucraniana.

“Não podemos dizer nada hoje sobre o grau de capacidade de negociação do novo governo, mas ainda assim, em comparação com a falta de esperança em todos os aspectos do chefe da Casa Branca anterior, há uma janela de oportunidade hoje, embora pequena”, disse Ryabkov em discurso no Instituto de Estudos Americanos e Canadenses de Moscou.

Ucrânia teme perdas territoriais

A Ucrânia, por sua vez, depende muito do apoio ocidental para se defender da invasão russa, principalmente o fornecimento de armas de Washington – o que não está claro se será mantido por Trump.

O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, reiterou que qualquer acordo de paz com os russos deve ser acompanhado de supervisão militar e pediu um efetivo de 200 mil soldados europeus de manutenção da paz.

Há o temor de que um acordo de paz negociado por Trump implique em perdas territoriais consideráveis para a Ucrânia.

Trump comentou na terça-feira que ia “verificar” se os EUA enviarão ou não mais armas para a Ucrânia, em contraste com a gestão anterior, de Joe Biden, que intensificou o envio de armamento e fundos para Kiev, sobretudo nos últimos meses de mandato.

sf/av (AP, AFP, ots)