29/01/2025 - 14:57
Claro que é muito mais fácil se tornar fluente em uma nova língua na infância. Tanto é que teóricos da neurolinguística propuseram, no fim dos anos 50, a “hipótese do período crítico”. Essa ideia de que, conforme o cérebro amadurece, fica mais difícil aprender uma segunda língua.
Mas, embora essa teoria tenha sido reforçada em diferentes áreas de pesquisa ao longo das décadas, na realidade as coisas não são tão simples assim. Primeiro que não existe um consenso sobre em que idade essa capacidade começaria a decair. Pra você ter uma ideia, tem quem acredite que esse período crítico termina aos 18 e até quem defenda que, depois dos cinco anos, é só ladeira abaixo.
Segundo que tem outras variáveis que precisam ser levadas em conta, como background socioeconômico, nível de escolaridade e até a diferença entre a língua e a cultura maternas e as que se pretende aprender. É muito mais fácil uma pessoa que fala português aprender espanhol do que coreano, por exemplo.
Isso não significa que aprender um idioma depois de velho seja tão fácil quanto na infância. O declínio da atenção, da capacidade de memória de trabalho e da velocidade de processamento de informações de fato dão uma dificultada. Sem contar as inúmeras responsabilidades da vida adulta, que fazem com que a gente jogue esse jogo no modo hard.
Mas o ponto é que a gente não nasce com um prazo de validade na capacidade de aprendizado. Aliás, alguns estudos mostram que aprender uma nova língua pode ajudar a desacelerar esse declínio cognitivo, inclusive atrasando a chegada da demência.
Outras pesquisas defendem que certas habilidades envolvidas em aprender um idioma tendem até a melhorar com a idade. É o caso da capacidade de comunicação e do conhecimento literário e sociocultural, que dão uma forcinha no aprendizado de novos vocabulários.