11/02/2025 - 10:00
Derivado do vocábulo grego kalligraphia, o termo “caligrafia” diz respeito ao conjunto de características que definem o modo de escrever de um indivíduo. Cada ser humano possui um estilo caligráfico único, que pode ser moldado a partir de diferentes estímulos e experiências.
Desde o começo da alfabetização, as pessoas passam a desenvolver uma forma própria de escrita, dificilmente capaz de ser reproduzida por terceiros. É justamente a partir desses traços únicos que surge a Grafologia – um estudo destinado a entender a personalidade de alguém por meio da caligrafia.
Para compreender melhor o que a letra de uma pessoa pode significar, assim como entender o processo de formação da escrita, o site IstoÉ conversou com a especialista em grafologia, psicóloga e perita em análise de escritas manuais Luciana Boschi.
O que molda a escrita humana?
Segundo Luciana, a letra começa a ser formada quando o indivíduo é criança, com a escrita ensinada dentro do padrão caligráfico. Nesse primeiro momento, o formato das letras ainda é infantil, muito imerso nos moldes convencionais.
“Todos nós somos alfabetizados com o mesmo padrão de letra. À medida que vamos nos personalizando, individualizando e amadurecendo, a letra vai amadurecendo também”, explica a psicóloga.
Como o cérebro humano é responsável pela escrita, existem 8 bilhões de estilos caligráficos diferentes no mundo – cada indivíduo com suas características particulares. Isso porque, de acordo com a especialista, a constituição da letra é um processo multifatorial, o que o torna praticamente irrepetível.
“Tudo influencia. Onde você vive, a sua cultura, a sua educação, o quanto você estuda, o grau de escolaridade”.
Fatores externos como a criação e o estímulo dos pais influem no estilo de escrita tanto quanto elementos subjetivos. Doenças e traumas podem, inclusive, alterar a caligrafia de uma pessoa a partir de algum momento da vida.
Existe letra “feia” ?
Luciana ressalta uma informação importante: na grafologia, não existe “letra feia”, apenas graus distintos de legibilidade.
“Na grafologia, não fazemos essa classificação de letra feia ou bonita. O que a gente considera é a questão da legibilidade. Porque a legibilidade tem a ver com a comunicação”, afirma.
É por isso, por exemplo, que a letra dos médicos é tão questionada, sendo conhecida pela dificuldade de leitura. De acordo com Luciana, esse tipo de caligrafia “filiforme” representa falta de atenção sobre a comunicação, não necessariamente um problema de coordenação motora.
Caligrafia é hereditária?
Não é incomum que a letra dos filhos lembrem, em muito, a caligrafia dos próprios pais. No entanto, segundo a psicóloga, não há nenhuma evidência sobre a letra ser “genética”.
Na verdade, a semelhança entre a caligrafia de pais e filhos acontece porque as pessoas tendem a copiar, mesmo que inconscientemente, a forma de escrever das outras.
“A gente se inspira nas pessoas. Nos pais, nos colegas, no professor. É muito comum, quando a criança está aprendendo a escrever, que ela copie a letra do professor, no quadro. E claro, ela acha linda, já que é uma escrita firme, redonda, de mão dada”, esclarece Luciana.
Sendo assim, é normal que os indivíduos “repitam” os padrões caligráficos que se acostumaram a ver durante a vida.
**Estagiária sob supervisão