10/02/2025 - 14:29
Ministro da Economia e candidato a chanceler federal alemão, político verde é acusado de copiar obras em trabalho publicado em 2001. Universidade de Hamburgo não encontrou irregularidades.Duas semanas antes das eleições parlamentares da Alemanha, o candidato a chanceler federal do Partido Verde, Robert Habeck, refutou nesta segunda-feira (10/02) acusações de que sua tese de doutorado teria sido plagiada.
Em uma mensagem de vídeo publicada nas redes sociais, Habeck, que é vice-chanceler e ministro da Economia, disse que uma investigação da Universidade de Hamburgo não viu irregularidades em sua tese Die Natur der Literatur (A natureza da literatura, em tradução livre), publicada em 2001.
Segundo a universidade, “os padrões de boas práticas científicas não foram violados nem intencionalmente nem por negligência grave” no trabalho. A instituição recomendou que ele revisasse citações individuais e notas de rodapé de acordo com as regras de citação atuais.
Habeck também afirmou que pediu uma avaliação de sua tese ao presidente da Academia Nacional Alemã de Ciências Leopoldina, Gerald Haug. “Ele também não tem dúvidas sobre a independência do trabalho científico”, continuou o candidato a chanceler. Habeck argumenta que as alegações estão relacionadas a imprecisões em notas de rodapé, não a plágio de conteúdo.
“Caçador de plágio”
As alegações foram apresentadas pelo controverso autor austríaco Stefan Weber, que se apresenta como um “caçador de plágio”. Em agosto, Weber descreveu a dissertação de Habeck como uma “simulação científica”. Nesta segunda-feira, ele publicou trechos do trabalho e diz que o candidato “copiou dezenas de obras que citou de outras fontes não identificadas, violando assim uma importante regra básica da ciência bibliográfica.”
Weber é considerado um autor polêmico, por já ter feito afirmações similares contra outras pessoas, incluindo a editora-chefe adjunta do jornal alemão Süddeutsche Zeitung, Alexandra Föderl-Schmid. Na ocasião, a Universidade Paris Lodron de Salzburgo revisou o trabalho da jornalista e não encontrou nenhuma má conduta.
Em 2021, Weber também acusou de plágio a então candidata a chanceler do Partido Verde, Annalena Baerbock. À época, ela afirmou que usou fontes públicas para se referir a fatos, mas reconheceu que poderia ter feito uma lista de referências.
Naquele mesmo ano, a então ministra da Família da Alemanha, Franziska Giffey, juntou-se a uma lista de políticos alemães que renunciaram por plágio em suas teses de doutorados. O tema se tornou central na política do país. Segundo levantamento da DW, entre 2011 e 2021, ao menos 20 políticos alemães tiveram sua integridade acadêmica questionada.
No caso de Habeck, o candidato afirma ainda que Weber também levantará acusações contra a tese de doutorado de sua esposa. “Ela não faz parte da campanha. Então peço que minha família fique fora disso. Não sei quem o contratou e quem o paga, já que ele mantém suas fontes de dinheiro em segredo e não fornece nenhuma transparência sobre seus financiadores”, afirmou Habeck sobre Weber.
Disputa eleitoral
Habeck compõe a coalizão do governo federal de Olaf Scholz, do SPD, que concorre à reeleição. O Partido Verde é considerado chave tanto por Scholz quanto por Friedrich Merz, líder da CDU e também candidato a chanceler, para formar maioria no Parlamento após a eleição.
O recente e controverso projeto de lei anti-imigração de Merz, porém, criou ruídos para o conservador, que acatou votos da ultradireita para tentar a aprovação da proposta no Parlamento. Habeck afirmou que se isso acontecer novamente, será “difícil encontrar um terreno comum” para formar um governo com a CDU.
A CDU lidera a corrida eleitoral com cerca de 29% das intenções de voto nas pesquisas, seguido pela ultradireitista Alternativa para a Alemanha (AfD), com 21%, e pelos sociais-democratas, com 16%. Os Verdes aparecem apenas em quarto lugar, com 12%.
gq (DPA, ots)