14/02/2025 - 13:41
Um livro didático revoltou brasileiros na Alemanha. Veja como ele retrata um menino do Brasil em um dos seus capítulos: o personagem Marco mora no Rio de Janeiro, não frequenta a escola e procura restos de comida no lixo. O caso foi denunciado pelos pais de uma criança em Berlim, que enfrentou comentários na escola:
“Primeiro, um coleguinha perguntou ‘nossa, procura lixo para comer?’, o que já mostra o quão problemática é essa didática de ensinar isso. Óbvio que o Brasil tem problemas, óbvio que isso pode acontecer, mas não é a realidade de todas as crianças, assim como não é a realidade de toda a Alemanha sobre pessoas pegando latinha e garrafa na rua para vender para fazer dinheiro e complementar a renda. E o que nos chocou como pais é: por que um livro desses foi aprovado?”, questiona Renato Galisteu, profissional de marketing.
Depois da denúncia, o caso ganhou repercussão nas redes sociais. Tanto que o perfil da editora responsável pela publicação tem sido bombardeado de mensagens questionando o conteúdo difundido no livro didático.
Em um dos posts que fala sobre democracia, diversidade e tolerância, a editora respondeu a uma das críticas dizendo que lamenta que o livro “tenha criado uma impressão falsa”. A editora disse ter como objetivo mostrar a crianças como o mundo é diverso e que está revendo o conteúdo do livro.
Em nota à DW Brasil, a Embaixada do Brasil em Berlim lamentou a abordagem da editora, que chamou de “insensível e pouco informada”. E disse que está buscando contatos com a editora e com autoridades alemãs para a adoção de providências. Mas, por enquanto, o livro segue em circulação na Alemanha e pode ser encontrado facilmente em livrarias.
Procurada pela DW, a secretaria de Educação de Berlim informou que a seleção dos livros didáticos é feita pelas escolas. Também procuramos a escola onde o livro está sendo usado, mas não tivemos resposta até o fechamento desta reportagem.
A família brasileira em Berlim, no entanto, diz estar recebendo todo o apoio da instituição. Mesmo assim deixa um apelo: “Eu jamais colocaria isso num livro na Alemanha, em 2025, com o crescimento tão ensurdecedor da extrema direita e pautas anti-imigração. O nosso grande ponto é como evitar que esses livros representem outras culturas, não somente o Brasil, de forma tão estereotipada, tão negativa”, acrescentou Renato Galisteu.