08/03/2025 - 14:46
Observatório Sírio diz que forças de segurança do novo regime têm executado civis que integram minoria religiosa ligada à família Assad.Mais de 300 civis da minoria alauíta foram mortos desde quinta-feira no noroeste da Síria por forças de segurança envolvidas em combates contra elementos leais ao ditador deposto Bashar al-Assad, informou o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH) neste sábado (08/03).
“Na maior vingança coletiva, 340 cidadãos foram mortos e executados a sangue frio na costa e nas montanhas de Latakia”, disse a ONG em um comunicado, acrescentando que mais de 200 outros combatentes de ambos os lados perderam suas vidas nesses confrontos desde quinta-feira, elevando o número total de mortos para mais de 540.
É a pior onda de violência que o país recém-emancipado enfrenta desde o fim da era Assad. Em dezembro de 2024, seu regime foi derrubado por uma aliança de grupos rebeldes liderada pelo islamista Ahmed al-Sharaa, hoje presidente interino.
Desde então, mais de 300 mil refugiados sírios voltaram ao país, segundo a Agência da ONU para Refugiados (Acnur). Al-Sharaa prometeu unir uma Síria devastada por 14 anos de guerra civil e respeitar os direitos humanos, alegando que não permitiria ações de vingança sectária.
Alauítas na mira
A minoria alauíta, um ramo do islamismo xiita, inclui a família Assad e cerca de 10% da população da Síria. A comunidade, cujo núcleo se encontra nas províncias costeiras de Latakia e Tartus — os principais redutos do ditador deposto — dominou instituições como o Exército durante o antigo regime.
O OSDH disse que esses “crimes” foram realizados pelas novas autoridades de Damasco e outros grupos aliados “de maneira semelhante às operações realizadas pelas forças de segurança do antigo regime” de Bashar al-Assad.
Segundo a ONG, esses “massacres” ocorreram principalmente nas cidades de Baniyas, na província de Tartus, bem como em áreas rurais de Latakia e municípios como Al Qardaha e Jableh, onde a violência eclodiu na última quinta.
Ao menos 89 membros dos ministérios de Interior e Defesa sírios foram mortos em confrontos diretos desde então, enquanto insurgentes pró-Assad sofreram 120 baixas até agora, de acordo com a contagem da ONG.
Os confrontos eclodiram depois que insurgentes alauitas lançaram um ataque às forças de segurança na cidade de Jableh, em Latakia, desencadeando a maior onda de violência na Síria desde a queda de Assad em 8 de dezembro do ano passado.
De acordo com o Observatório, as forças de segurança sírias “continuam perseguindo e vasculhando” neste sábado áreas onde os remanescentes de Assad estão escondidos, e relataram que “combates de rua” estão ocorrendo em Latakia e Tartus.
As novas forças sírias são compostas em grande parte por ex-combatentes da agora extinta aliança islâmica Hayat Tahrir al-Sham (HTS), o grupo que liderou a ofensiva contra Assad e cujas raízes estão na Frente Nusra, antiga afiliada da Al-Qaeda na Síria.
É a pior onda de violência que o país recém-emancipado enfrenta desde o fim da era Assad. Em dezembro de 2024, seu regime foi derrubado por uma aliança de grupos rebeldes liderada pelo islamista Ahmed al-Sharaa, hoje presidente interino.
jps (EFE, AFP)