Manifestação que pede anistia a golpistas de 8 de Janeiro reuniu cerca de 45 mil pessoas na Avenida Paulista. Pesquisa aponta que maioria dos brasileiros é contra anistia para envolvidos nos ataques de 8 de janeiro.Apoiadores de Jair Bolsonaro participaram de uma manifestação na tarde deste domingo (06/04) na Avenida Paulista, em São Paulo. O ato foi convocado pelo ex-presidente para pressionar por uma anistia aos golpistas envolvidos ataques de 8 de janeiro de 2023 contra os Três Poderes em Brasília.

Além de Bolsonaro, participaram do ato sete governadores de direita alinhados com o bolsonarismo: Tarcísio de Freitas (São Paulo); Romeu Zema (Minas Gerais); Ratinho Junior (Paraná); Wilson Lima (Amazonas); Ronaldo Caiado (Góias); Mauro Mendes (Mato Grosso); e Jorginho Mello (Santa Catarina). O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, também participou.

Várias dessas figuras são encaradas como potenciais presidenciáveis do campo da direita nas eleições de 2026, dada a Inelegibilidade de Bolsonaro.

O ato reuniu cerca de 44,9 mil pessoas, segundo o Monitor do Debate Público do Meio Digital, da Universidade de São Paulo (USP).

Em março, outra manifestação bolsonaristas, no Rio de Janeiro, também convocada por Bolsonaro, reuniu cerca de 18,3 mil pessoas em Copacabana, de acordo com a mesma metodologia. O ato do Rio também havia reunido menos autoridades. Na ocasião, somente Tarcísio, Castro, Jorginho e Mendes participaram.

Apesar de ter reunido mais pessoas que o ato no Rio, o nível de participação na Avenida Paulista neste domingo ficou bem abaixo do registrado em uma manifestação bolsonarista em fevereiro de 2024, que reuniu 185 mil.

Anistia

O pedido de anistia, bandeira dos participantes das manifestações, faz parte de um projeto de lei na Câmara defendido por parlamentares do PL, mas que segue sem previsão de ser pautado pelo presidente da Casa, o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB).

Apesar dos pedidos por anistia, uma pesquisa divulgada neste domingo pela Quaest apontou que a maioria dos brasileiros é contra uma anistia. Segundo a pesquisa, 56% dos brasileiros defendem que “os envolvidos nas invasões de 8 de janeiro” devem “continuar presos por mais tempo cumprindo suas penas”. Entre os entrevistados, apenas 34% acham que eles não deveriam ter sido presos ou “já estão presos por tempo demais”.

Durante o ato, participantes discursaram em defesa do projeto de lei de anistia, mas também atacaram o Supremo Tribunal Federal (STF). O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), por exemplo, chamou os ministros do STF de “ditadores de toga”.

Já a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro pediu uma “anistia humanitária” aos condenados pelos ataques golpistas de 8 de janeiro.

Jair Bolsonaro, em seu discurso, chamou ao trio elétrico a mãe e a irmã de Débora Rodrigues, cabeleireira que ficou presa por dois anos por participação na invasão e depredação das sedes dos Três Poderes. Atualmente, ela cumpre prisão domiciliar. Ela se tornou especialmente conhecida por ter pichado a estátua da Justiça em frente ao STF nos ataques do 8 de janeiro.

“Não tenho adjetivo para qualificar quem condena uma mãe de dois filhos a uma pena não tão absurda por um crime que ela não cometeu. Só um psicopata para falar que aquilo que aconteceu no dia 8 de janeiro foi uma tentativa armada de golpe”, disse Bolsonaro, durante seu discurso.

Bolsonaro ainda ensaiou uma fala em inglês em um trecho do discurso, dizendo ter esperanças de obter ajuda do exterior – no que pareceu um pedido dirigido ao presidente americano Donald Trump.

Esta foi a primeira grande manifestação bolsonarista depois que o STF aceitou denúncia contra o ex-presidente e outras sete pessoas pelos crimes de tentativa de abolição do Estado democrático de direito e golpe de Estado. A decisão do STF marcou a primeira vez que um ex-presidente eleito foi colocado no banco dos réus por crimes contra a ordem democrática estabelecida com a Constituição de 1988.

jps (ots)