11/04/2025 - 7:33
Pequim afirma, contudo, que não reagirá mais a novas tarifas anunciadas por Donald Trump, alegando não valer mais a pena importar produtos americanos. Xi Jinping fala em “bullying” e apela à UE por apoio.Em mais um capítulo da guerra comercial deflagrada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a China elevou nesta sexta-feira (11/04) de 84% para 125% a tarifa que aplica sobre importados americanos. A medida é uma resposta às taxas impostas por Trump a produtos chineses, que passaram de 10% para 145% em um mês.
A escalada vem depois de a Casa Branca declarar a suspensão, por 90 dias, de tarifas “recíprocas” sobre outros parceiros comerciais, mantendo a taxa temporariamente em 10%, e aumentar a pressão sobre a China, segunda maior exportadora para os EUA e alvo de tarifas mais elevadas.
Ao mesmo tempo, a China anunciou que vai ignorar futuros aumentos de tarifas anunciados pela Casa Branca porque, a essa altura, importar bens americanos já não faria mais sentido do ponto de vista econômico.
Na quinta-feira, um dia após Trump anunciar inicialmente que aumentaria para 125% a tarifa sobre produtos chineses, a Casa Branca esclareceu que a taxação seria na verdade de 145%, já que outros 20% que já estavam em vigor desde fevereiro como medida punitiva para supostamente conter o tráfico de fentanil não teriam sido considerados na conta.
Pequim chamou a imposição de tarifas subsequentes por Trump de “brincadeira” e “jogo de números”, acusando-o de provocar turbulências nos mercados e afirmando que cabe ao líder americano arcar com a “total responsabilidade” pelas consequências.
China diz ser alvo de “bullying unilateral”
“Não há vencedores em uma guerra tarifária”, disse o presidente chinês, Xi Jinping, nesta sexta-feira durante encontro em Pequim com o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, ao se pronunciar publicamente sobre o assunto pela primeira vez. Sem mencionar explicitamente os EUA, Xi disse que “guerras comerciais não são boas” e que o “mundo precisa que China e EUA conversem”.
O líder chinês apelou à União Europeia para que, ao lado da China, cumpra suas “responsabilidades internacionais” e “assegure” a globalização econômica e o ambiente internacional de comércio, opondo-se a “atos unilaterais de bullying”.
Tom similar foi adotado pelo Ministério das Finanças chinês em nota. O órgão disse que a imposição de tarifas “anormalmente altas viola seriamente as regras comerciais internacionais e econômicas, leis básicas de economia e senso comum, e é um bullying completamente unilateral e coerção”.
Antes de anunciar que não reagirá mais a novas escaladas na guerra tarifária com Trump, Pequim havia prometido “lutar até o fim”, acusando os EUA de extorsão.
A imprensa estatal noticiou que Pequim levará o caso à Organização Mundial do Comércio (OMC).
Economistas preveem desaceleração da economia chinesa
A briga entre Estados Unidos e China – a primeira e a segunda maior economia do mundo, respectivamente – ocorre em um momento em que Pequim pena para retomar o ritmo de crescimento após o baque da pandemia de covid-19, consumo doméstico fraco e pressão deflacionária.
A economia chinesa desacelerou no primeiro trimestre e seu crescimento em 2025 deve ficar abaixo do registrado no ano anterior, segundo uma consulta da agência de notícias Reuters com 57 economistas.
O país enfrenta um dos maiores desafios à estabilidade financeira e crescimento desde que Trump passou a castigá-lo com uma tarifa atrás da outra.
O Produto Interno Bruto (PIB) chinês deve crescer 5,1% no primeiro trimestre de 2025 em comparação com o mesmo período do ano anterior – uma desaceleração em relação aos 5,4% medidos no trimestre anterior, de outubro a dezembro de 2024. No ano inteiro, o crescimento deve ser de 4,5%, menos que os 5% de 2024 e abaixo da meta oficial do governo.
ra/cn (Reuters, AFP, AP)