Pesquisadores descobriram indicador de um processo biológico em planeta a 120 anos-luz da Terra. São necessários mais dados e estudos para avaliar possível existência de organismos vivos.Uma equipe de cientistas anunciou nesta quarta-feira (16/04) ter encontrado os sinais mais fortes até agora de possível vida em um planeta além do nosso Sistema Solar.

“O que descobrimos neste momento são indícios de possível atividade biológica fora do Sistema Solar”, disse Nikku Madhusudhan, astrofísico da Universidade de Cambridge.

Em coletiva de imprensa, Madhusudhan disse que o primeiro indício de um mundo alienígena potencialmente habitado foi a detecção de “impressões digitais” químicas de gases que na Terra são produzidos apenas por processos biológicos.

“Este é um momento revolucionário”, disse o pesquisador aos jornalistas ao divulgar a descoberta potencialmente transformadora obtida com a utilização do telescópio espacial James Webb.

Vida extraterrestre em K2-18 b?

A equipe se apressou em pedir cautela, afirmando que não estava anunciando a descoberta de organismos vivos reais e que mais observações eram necessárias para determinar exatamente o que eles estavam observando.

O estudo, publicado na publicação científica Astrophysical Journal Letters, afirma que os pesquisadores descobriram uma possível bioassinatura ou um indicador de um processo biológico em um planeta que orbita uma estrela a 120 anos-luz da Terra.

Essa evidência potencial de vida microbiana está em um planeta chamado K2-18 b, que tem cerca de 8,6 vezes a massa da Terra e um diâmetro cerca de 2,6 vezes maior que o do nosso planeta.

Cientistas já haviam revelado a presença de moléculas portadoras de carbono, incluindo metano e dióxido de carbono (moléculas à base de carbono são os blocos de construção da vida) no exoplaneta – nome dado a um planeta que orbita estrelas fora do nosso Sistema Solar.

Estudos anteriores sugeriram que o K2-18 b poderia ser um exoplaneta de uma classificação denominada hycean, que são planetas com potencial para possuir uma atmosfera rica em hidrogênio e uma superfície coberta por oceanos de água.

Busca por vida fora da Terra requer paciência

Christopher Glein, cientista principal da divisão de ciência espacial do Instituto de Pesquisa do Sudoeste, no Texas, descreveu K2-18 b como “um mundo tentador”, mas alerta que a comunidade científica deve ter “o cuidado de testar os dados o mais exaustivamente possível”.

Sara Seager, professora de ciência planetária no Instituto de Tecnologia de Massachussets (MIT), também pediu paciência, apontando para um caso em que alegações anteriores de vapor d’água na atmosfera do K2-18 b revelaram se tratar de um gás diferente.

rc/bl (AFP, Reuters)