Governo de Benjamin Netanyahu queria bombardear instalações nucleares da república islâmica. Viabilidade de investida depende de apoio militar dos EUA, que atualmente negociam um acordo nuclear com Teerã.O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, frustrou um ataque planejado por Israel contra instalações nucleares do Irã, informou o jornal americano New York Times nesta quarta-feira (16/04). A Casa Branca atualmente negocia um acordo com a república islâmica justamente para evitar que o país se torne capaz de produzir armas atômicas.

Planejada para maio, a ação israelense visaria atrasar Teerã no desenvolvimento de suas capacidades nucleares em pelo menos um ano ou mais. Mas até mesmo os auxiliares de Trump mais hostis ao regime dos mulás teriam desaconselhado o ataque.

Segundo o NYT, Israel dependia da ajuda americana não só para se defender de uma retaliação mas também para assegurar que a empreitada seria bem-sucedida.

Após meses de debate interno, Trump decidiu buscar negociações com o Irã em vez de recorrer a uma ação militar, após Teerã sinalizar interesse numa conversa.

Ao recebê-lo no início deste mês para uma conversa na Casa Branca, o americano teria avisado ao primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que não daria cobertura a Tel Aviv para um ataque. Depois, anunciou publicamente o início das negociações com Teerã.

Após o encontro com Trump, Netanyahu divulgou um comunicado em que defendia que um acordo com o Irã só funcionaria se permitisse aos signatários “explodir as instalações [nucleares], desmontar todos os equipamentos, sob supervisão americana [e] com execução americana”.

EUA e Irã não mantêm relações diplomáticas há 40 anos

No último sábado (12/04), representantes de EUA e Irã mantiveram conversas reservadas sobre o programa nuclear iraniano. As negociações indiretas foram mediadas por Omã e devem ser retomadas no próximo sábado (19/04).

Em declarações públicas, Trump já havia prometido que escalaria uma ofensiva militar contra Teerã caso um novo acordo não seja alcançado.

Os dois países, que não mantêm relações diplomáticas há mais de 40 anos, buscam um novo acordo nuclear depois que Trump retirou os EUA de um tratado anterior durante seu primeiro mandato, em 2018. O acordo previa restrições ao programa nuclear iraniano em troca da suspensão de sanções ao país.

Essa foi a primeira rodada de conversas entre o Irã e uma administração Trump – incluindo seu primeiro mandato entre 2017 e 2021.

Países ocidentais argumentam que o enriquecimento de urânio pelo Irã já ultrapassou os limites de um programa civil e acumula estoques com níveis de pureza próximos aos exigidos para armas nucleares.

O último relatório da Agência Internacional de Energia Atômica, órgão da ONU, disse que o Irã tinha uma estimativa de 274,8 quilos de urânio enriquecido a 60%, aproximando-se do grau de armamento de 90%.

O Irã, que insiste que seu programa nuclear é apenas para fins civis, intensificou suas atividades depois que Trump se retirou do acordo. O país nega que esteja tentando desenvolver armas nucleares.

ra/bl (Reuters, AFP, dpa, ots)