10/05/2025 - 6:37
Pela primeira vez, líderes do Reino Unido, França, Alemanha e Polônia viajam juntos à Ucrânia, numa demonstração conjunta de apoio ao país invadido pela Rússia.Os líderes do Reino Unido, França, Alemanha e Polônia se encontraram neste sábado (10/05) com o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, em Kiev, uma demonstração conjunta de apoio à Ucrânia. A visita ocorre um dia após o presidente russo, Vladimir Putin, receber aliados num desfile para marcar os 80 anos do fim da Segunda Guerra Mundial em Moscou.
Emmanuel Macron, presidente da França, Keir Starmer, premiê do Reino Unido, Donald Tusk, primeiro-ministro da Polônia, e Friedrich Merz, chanceler federal da Alemanha, foram recebidos na estação ferroviária de Kiev por Zelenski. Essa é a primeira vez que os líderes dessas quatro nações visitam juntos a Ucrânia e é a primeira viagem de Merz para o país em guerra.
Pouco depois, durante uma cerimônia para marcar os 80 anos do fim da Segunda Guerra, eles depositaram flores num memorial improvisado com bandeiras na Praça da Independência para os soldados ucranianos mortos.
Proposta de cessar-fogo
Na visita, os líderes também pretendem discutir uma proposta dos Estados Unidos e da Europa para um cessar-fogo de 30 dias na guerra que a Rússia iniciou há pouco mais de três anos após invadir a Ucrânia.
“Junto com os EUA, pedimos à Rússia que concorde com um cessar-fogo total e incondicional de 30 dias para criar o espaço para negociar uma paz justa e duradoura”, afirmaram os líderes dos quatro países num comunicado em conjunto. “Estamos prontos para apoiar as negociações de paz o mais rápido possível, para tratar da implementação técnica do cessar-fogo e para nos prepararmos para um acordo de paz abrangente.”
Os quatro países também anunciaram que aumentarão o apoio à Ucrânia. “Até que a Rússia aceite um cessar-fogo duradouro, aumentaremos a pressão contra a máquina de guerra russa”, acrescentaram. “A Ucrânia deve ser capaz de prosperar como uma nação segura, protegida e soberana dentro de suas fronteiras internacionalmente reconhecidas para as próximas gerações”, diz o comunicado.
Além dos presentes em Kiev, outros líderes devem participar da reunião virtual que tratará sobre o progresso feito para a chamada de “coalização dos dispostos”, que ajudaria as forças armadas ucranianas após um acordo de paz e que, potencialmente, poderia enviar tropas para o país para garantir a implementação do pacto.
Momento diplomático imprevisível
A visita ocorre num momento diplomático imprevisível na guerra. Desde que assumiu a Casa Branca em janeiro, o presidente dos EUA, Donald Trump, está pressionando para tentar alcançar uma paz rápida após romper com as políticas do seu antecessor, Joe Biden.
Depois de se aproximar de autoridades russas, entrar em um conflito com Zelenski transmitido ao vivo durante a visita do líder ucraniano à Casa Branca e cortar brevemente a ajuda militar à Ucrânia, o governo Trump relatou os laços com Kiev e assinou um acordo sobre a exploração de recursos minerais ucranianos arduamente negociado.
Também houve uma mudança palpável no tom de Trump, que sinalizou uma frustração com o que Washington considera uma lentidão de Putin em relação a um cessar-fogo. O presidente americano ameaçou intensificar as sanções contra a Rússia, mas também afirmou que poderia abandonar os esforços de paz se não houvesse avanços.
Trump pediu na quinta-feira um cessar-fogo de 30 dias. Zelenski afirmou estar pronto para implementar a pausa no conflito imediatamente. A União Europeia (UE) apoiou a proposta.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que a Rússia apoiava a medida, mas sob algumas condições, incluindo a suspensão a assistência militar ocidental a Kiev. A ajuda militar do Ocidente tem sido vital para a Ucrânia desde a invasão da Rússia em fevereiro de 2022.
Evento em Moscou
Nesta sexta-feira, Putin recebeu em Moscou o presidente chinês, Xi Jinping, e outros líderes, entre eles o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, num desfile militar que marcou o 80º aniversário da vitória do exército soviético sobre a Alemanha nazista. O evento foi utilizado por Putin para tentar projetar poder e mostrar que não está isolado da comunidade internacional em meio ao conflito na Ucrânia.
No entanto, o presidente brasileiro foi um dos poucos líderes de países democráticos que acompanharam a cerimônia. Além de Xi, entre os participantes estavam os líderes da Venezuela, Nicolás Maduro, e de Cuba, Miguel Díaz-Canel, além de representantes de juntas militares de Myanmar e Burkina Faso.
cn (Reuters, AP, EFE)