06/06/2025 - 16:27
Censo 2022 mostra que proporção de católicos caiu, mas avanço dos evangélicos ocorreu em ritmo menor que em levantamentos anteriores. Mesmo em queda, catolicismo segue predominante; espiritismo também recuou.Os dados do Censo 2022 divulgados nesta sexta-feira (06/06) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a religião que mais conquistou fiéis nos últimos 12 anos no Brasil foi a evangélica, mas a um ritmo menor do que ocorreu entre os levantamentos demográficos anteriores.
Os chamados crentes correspondem a 26,9% da população – aproximadamente um quarto dos brasileiros, o maior nível da história. Em 2000, essa parcela era de 15,4% , passando para 21,6% em 2010.
Embora ainda seja predominante, a proporção de católicos no Brasil caiu para o menor patamar já registrado. Eles representam 56,8% da população, enquanto que em 2010, essa fatia era de 64,6%.
O IBGE considera em sua pesquisa pessoas com 10 anos ou mais. Em números absolutos, há 100,2 milhões de católicos e 47,4 milhões de evangélicos no país.
No primeiro censo realizado no Brasil, em 1872, a proporção de brasileiros declarados católicos foi de 99,7%. É importante ter em vista que não havia liberdade religiosa na época, sendo o catolicismo a crença oficial nos tempos imperiais, e a escravidão ainda não havia sido abolida.
“Em 1872, o recenseador deveria assinalar cada pessoa como ‘cathólico’ ou ‘acathólico’, conforme grafia da época; não havia outra opção de religiosidade”, explica Maria Goreth Santos, analista do IBGE responsável pelo tema. “Além disso, a população escravizada era toda contada como católica, seguindo a declaração do senhor da casa.”
Nos cem anos seguintes, o percentual de católicos recuou 7,9 pontos percentuais, chegando a 91,8% em 1970. Essa queda relativa é semelhante à registrada de 2010 a 2022.
Já os evangélicos continuam a crescer: eram 6,5% em 1980, e no último recenseamento, de 2010, haviam disparado para 21,6%. No entanto, mesmo aparecendo com 26,9% atualmente, o ritmo do avanço tem desacelerado.
Um em cada dez brasileiros sem religião
O Censo 2022 registrou mais uma vez aumento do grupo que se declara sem religião. Em 2010, eles eram 7,9% dos brasileiros, passando para 9,3% em 2022 (16,4 milhões de pessoas), sendo 56,2% deles homens.
A região Sudeste foi a que concentrou a maior parte dos que se declararam sem religião – 10,6% de sua população. A menor proporção está no Sul, com 7,1%.
Umbanda e candomblé avançam, espiritismo recua
A parcela de pessoas adeptas da umbanda e do candomblé mais que triplicou, de 0,3% em 2010 para 1% em 2022. Houve mais procura também por outras religiosidades (de 2,7% para 4,0%).
O espiritismo teve um declínio de fiéis, de 2,2% para 1,8%.
As religiosidades de tradições indígenas representaram 0,1% das declarações.
Religiosidade por região
Em 2022, o catolicismo liderou em todas as grandes regiões do país, com maior concentração no Nordeste (63,9%) e no Sul (62,4%), e a menor proporção na Região Norte (50,5%).
O estado mais católico foi novamente o Piauí, com 77,4% de sua população adepta da religião. Foi também o estado com menor percentual de evangélicos, de 15,6%.
No último levantamento, os evangélicos estavam em maior proporção no Norte (36,8%) e no Centro-Oeste (31,4%).
O estado com a maior proporção de evangélicos foi o Acre, com 44,4% da população.
Roraima registrou a maior proporção de pessoas sem religião (16,9%), de outras religiosidades (7,8%) e de adeptos de tradições indígenas (1,7%).
A maior concentração dos que se declararam espíritas estava no Sudeste (2,7%). Os umbandistas e candomblecistas estavam mais presentes no Sul (1,6%) e no Sudeste (1,4%).
sf (IBGE, ots)