11/07/2025 - 19:13
Governo alega que resultado na Amazônia foi influenciado por queimadas e seca prolongada do ano passado. Dados são do Deter, que envia alertas para fiscalização.O desmatamento na Amazônia no primeiro semestre deste ano foi 27% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Nos seis primeiros meses de 2024, os alertas de desmatamento somaram 1.645,94 km² e, nos seis primeiros meses deste ano, 2.090,38 km², segundo dados do Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter) divulgados nesta sexta-feira (11/07).
É a primeira vez no atual governo Luiz Inácio Lula da Silva que o Inpe registra alta do desmatamento na Amazônia Legal – que compreende os estados de Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins e parte do Maranhão.
Por outro lado, em junho a região registrou 458 km² de área sob alerta de desmatamento, o menor número para esse mês da série histórica.
Os alertas do Deter identificam desmatamento ou degradação florestal em áreas maiores que 3 hectares, e pode haver subnotificação devido à cobertura de nuvens. Esse sistema serve para orientar a fiscalização de órgãos governamentais. Os dados oficiais de desmatamento são oferecidos pelo sistema Prodes do Inpe e divulgados anualmente.
O estado com maior área desmatada segundo os alertas do Deter no primeiro semestre deste ano foi Mato Grosso, com 1.097 km² de desmate, 141% a mais do que no mesmo período do ano anterior.
Possíveis motivos
Ana Clis Ferreira, porta-voz de Florestas do Greenpeace Brasil, afirmou ao portal G1 que a alta do desmatamento pode estar ligada a uma expectativa de retrocesso em políticas ambientais, como o afrouxamento das regras de licenciamento ambiental previsto do projeto de lei 2.159/2021, conhecido como “PL da Devastação”, que pode ser votado na próxima semana pela Câmara.
Já o Ministério do Meio Ambiente, em nota, afirmou que a alta foi influenciada pelos incêndios no segundo semestre de 2024 e pela seca extrema que atingiu a Amazônia por dois anos seguidos. Segundo a pasta, sem esses dois fatores, o desmatamento no primeiro semestre de 2025 teria caído 1,5% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Ane Alencar, diretora de ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), afirmou ao jornal Folha de S.Paulo que o aumento de desmatamento na Amazônia foi impulsionado por “desmatamento progressivo feito por incêndios muito intensos”, em áreas que podem não ter aparecido antes por causa das nuvens.
Queda do desmatamento no Cerrado
A tendência registrada pelo Deter no primeiro semestre foi a inversa no Cerrado, onde a área desmatada caiu 11% no período, de 3.724,3 km² no ano passado para 3.358,3 km² neste ano.
No entanto, ambientalistas alertam que o Cerrado segue sendo um bioma ameaçado e registra um patamar alto de desmate – em parte porque o limite de desmatamento legal ali é em regra de até 80% de áreas privadas regularizadas, contra 20% na Amazônia Legal.
bl (ots)