29/07/2025 - 14:35
Uma corrida despretensiosa pelas dunas de uma praia na Escócia levou a uma descoberta histórica: um estudante encontrou os destroços do “Earl of Chatham”, um navio de guerra britânico do século 18 desaparecido há mais de 250 anos sob a areia da ilha de Sanday, em Orkney.
O achado, ocorrido em fevereiro de 2024 após uma forte tempestade, revelou as vigas de madeira de uma embarcação que, segundo pesquisadores da Wessex Archaeology, teve uma trajetória “impressionante”. Originalmente batizado de HMS Hind, o navio de 24 canhões da Marinha Real Britânica participou de conflitos decisivos, como as batalhas que garantiram o controle do Canadá pela Grã-Bretanha nos anos 1750. Décadas depois, atuou como escolta de comboios durante a Guerra da Independência dos Estados Unidos, na tentativa frustrada dos britânicos de manterem suas colônias.
Após a atuação militar, o navio foi vendido em 1784, rebatizado como “Earl of Chatham” e adaptado para uma nova missão: a caça às baleias no Ártico. Sua segunda vida, porém, terminou em 1788, quando uma tempestade o naufragou a caminho da Groenlândia. Apesar da tragédia, toda a tripulação de 56 homens sobreviveu ao acidente.
“Eu o consideraria um navio de sorte, o que é estranho dizer sobre um navio naufragado”, afirmou Ben Saunders, arqueólogo marinho sênior do projeto.
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A identificação do navio só foi possível graças à tecnologia. A dendrocronologia, que data a madeira por seus anéis de crescimento, confirmou a origem e a época da construção. Com isso, os historiadores cruzaram os dados com outras informações e, por eliminação, chegaram ao “Earl of Chatham”.
Outro ponto de destaque foi a mobilização dos 500 moradores da ilha. Agricultores locais usaram seus próprios tratores para transportar as 12 toneladas de madeira da praia, garantindo sua preservação.
“Foi um sentimento tão bom ver a comunidade se unindo para recuperá-lo”, disse Sylvia Thorne, uma das pesquisadoras voluntárias.
As madeiras do navio estão, agora, sendo conservadas em tanques de água doce, com planos para uma futura exibição fixa. O episódio é visto como um modelo de arqueologia feita em comunidade e traça uma conexão com o passado marítimo da região.