12/11/2018 - 16:45
Hoje o mundo é a casa do maior número de migrantes e refugiados de que se tem registro em qualquer outro momento da história. Tal situação traz desafios complexos para muitos países que tentam gerenciar esse fluxo e acolher com sucesso os novos cidadãos.
Esses desafios se agravam com a falta de informações precisas e acessíveis na mídia, em que mitos e informações incorretas prevalecem. Nos melhores casos, a mídia concentra sua cobertura em refugiados como vítimas e foca nas implicações humanitárias.
No pior dos casos, o foco está nos desafios envolvidos ou numa ameaça imaginária de um fluxo repentino de estrangeiros. Faltam quase que por completo na cobertura midiática as múltiplas vantagens para os países que acolhem e as inúmeras histórias de indivíduos, muitas vezes com alto nível de estudos e ávidos para trabalhar, que buscam uma nova vida e contribuem positivamente para as sociedades que os recebem.
A Unesco criou um curso para escolas de jornalismo e mídia: “Reporting Migration with a Focus on Refugees” (Reportar a migração com foco em refugiados, em tradução livre). O currículo é focado na promoção de parcerias que permitam uma visão mais equilibrada da situação. A seguir estão alguns dos mitos mais comuns e prejudiciais sobre os refugiados.
1) Os refugiados são um problema europeu
A Europa acolhe apenas 6% dos refugiados globais, comparados com 39% no Oriente Médio e Norte da África e 29% no resto da África. A grande maioria dos refugiados sírios está em países vizinhos, como Turquia, Líbano, Jordânia e Iraque. Mais de 1 milhão de refugiados chegaram à Europa por mar em 2015, o que representa apenas 0,3% da população total europeia.
2) Os refugiados não estão desesperados, estão escolhendo migrar
Por definição, refugiados são pessoas que fogem cruzando as fronteiras, para escapar de conflitos violentos ou perseguição. Eles estão fazendo uso de seu direito legal ao asilo, que consta na Declaração Universal de Direitos Humanos. Todos nós temos esse direito como garantia se algum dia ele se fizer necessário. Os enormes riscos pessoais que os refugiados assumem ao escaparem testemunham a gravidade da situação em que se encontram. Os migrantes são de uma categoria mais ampla, que inclui aqueles que migram por razões econômicas e pessoas buscando escapar de desastres ambientais e da fome.
3) A maioria dos refugiados são homens jovens e fisicamente aptos
Segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), mais de 75% dos refugiados sírios são mulheres e crianças. Dos refugiados que chegaram à Europa em 2016, mais da metade eram mulheres e crianças.
4) Os refugiados roubam os empregos do país de acolhimento
Os refugiados criam empregos. De acordo com uma pesquisa da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), refugiados expandem o mercado doméstico e criam um emprego para cada vaga que ocupam. Em alguns países, eles responderam por quase um terço do crescimento econômico entre 2007 e 2013.
5) Os refugiados e os migrantes fraudam o sistema social
A maioria dos refugiados paga muito mais aos cofres públicos do que retira deles. Pesquisas feitas em Portugal, Espanha, Reino Unido, Canadá, Alemanha e Grécia mostram que os refugiados são menos ou igualmente dependentes dos fundos públicos em relação aos moradores locais.
6) Os refugiados e os migrantes trazem o terrorismo
Dos ataques terroristas no mundo durante os últimos anos, a vasta maioria foi feita por cidadãos nascidos nos países envolvidos. “Não é o fluxo de refugiados que causa o terrorismo, são o terrorismo, a tirania e a guerra que criam os refugiados”, afirma António Guterres, secretário-geral da ONU. Criar divisões entre as pessoas e estimular o ódio entre grupos é parte da estratégia do terrorismo, em primeiro lugar.
7) Os países desenvolvidos são superpopulosos e não podem acolher mais pessoas
O crescimento da população nativa na maioria dos países desenvolvidos está em declínio, um problema que pode ter os fluxos migratórios como solução. Refugiados e migrantes podem sustentar os níveis populacionais e trazer uma base de pessoas em idade produtiva para sustentar o número crescente de aposentados dos países que os recebem.